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Autoridades de Wuhan esconderam surto de coronavírus de Pequim, diz relatório da CIA

Em um dos casos, um médico de Wuhan chamado Li Wenliang foi forçado pela polícia a assinar um termo reconhecendo que havia agido ilegalmente após informar colegas de uma escola de medicina sobre a doença

Redação Jornal de Brasília

19/08/2020 17h46

Bandeira nacional chinesa vista em distrito comercial em Pequim. 26/01/2016 REUTERS/Kim Kyung-Hoon

São Paulo, SP

Um relatório interno da CIA produzido em junho mostra que o governo chinês em Pequim não foi informado da verdadeira gravidade do surto inicial de coronavírus na cidade de Wuhan, revela reportagem publicada pelo New York Times nesta quarta (19).

De acordo com a inteligência americana, autoridades locais da província de Hubei e de Wuhan, onde a doença surgiu, tentaram por semanas esconder o problema da liderança central do Partido Comunista.

Uma outra reportagem do NYT, de fevereiro, já indicava que as autoridades de saúde de Wuhan tinham atrasado ações de combate ao vírus por questões políticas.

Em um dos casos, um médico de Wuhan chamado Li Wenliang foi forçado pela polícia a assinar um termo reconhecendo que havia agido ilegalmente após informar colegas de uma escola de medicina sobre a doença.

As autoridades também fecharam o mercado de comida onde o vírus surgiu, mas não estabelecimentos semelhantes na cidade. Quando o escritório da OMS em Pequim foi informado de um novo tipo de pneumonia que surgira na província, o comunicado do governo chinês assegurava o órgão de que a doença “estava sob controle” e de que não havia “contaminação de pessoa a pessoa”.

As fontes ouvidas pelo jornal disseram que é comum que governos locais na China retenham informações de Pequim por medo de represálias.

O governo dos EUA acusa o país asiático de acobertar a doença e espalhá-la pelo mundo. O presidente Donald Trump chama o coronavírus com frequência de “vírus chinês” ou “vírus de Wuhan”, e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, diz que houve um “acobertamento comunista” da crise sanitária.

O tema se tornou um dos vários pontos de disputa entre as duas potências nos últimos meses, junto com a repressão em Hong Kong e o mar do Sul da China.

O relatório da CIA acrescenta que, mesmo depois que Pequim tomou conhecimento do surto, ainda demorou em informar ao mundo a gravidade da situação. Entretanto, o documento enfatiza que a ação de autoridades locais em dezembro de 2019 e janeiro de 2020 foi decisiva para a propagação do vírus.

Em um discurso publicado pela revista do Partido Comunista Qiushi, o presidente da China, Xi Jinping, afirma que começou a organizar a resposta ao coronavírus em 7 de janeiro, duas semanas antes vir a público anunciar que havia uma epidemia. Em 13 de janeiro, já havia um caso confirmado fora da China, na Tailândia.

As informações são da FolhaPress

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