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App francês para rastrear coronavírus atrasa e faz bombar versão catalã

StopCovid deveria ter ficado disponível ao meio-dia, mas a versão para Android só foi ao ar quatro horas depois, e a do iPhone, seis horas mais tarde

Marcus Eduardo Pereira

02/06/2020 19h12

ANA ESTELA DE SOUSA PINTO
BRUXELAS, BÉLGICA

Uma falha na publicação do aplicativo para rastrear contatos infectados com o coronavírus na França colocou a Catalunha no topo das lojas de apps nesta terça (2).

O aplicativo francês, chamado StopCovid, deveria ter ficado disponível ao meio-dia, mas a versão para Android só foi ao ar quatro horas depois, e a do iPhone, seis horas mais tarde.

Quem procurou o app no horário marcado acabou encontrando um aplicativo quase homônimo, Stop Covid19 CAT, lançado pelo governo da Catalunha.

Em menos de duas horas a versão catalã já havia disparado para o topo da lista de mais baixados na França, atrás apenas da superpopular rede social chinesa TikTok.

O lançamento do app francês foi programado para o mesmo dia em que a maior parte do país avançou para a fase 2 de desconfinamento.

Bares e restaurantes voltaram a funcionar nesta terça, embora em Paris –que ainda está na zona laranja– a frequência só seja permitida em mesas na calçada, espaçadas em ao menos um metro de distância.

Com mais gente na rua, testar casos suspeitos de Covid-19, identificar quem esteve em contato com os infectados, rastreá-los e isolá-los para que não transmitam a doença é considerado fundamental para evitar novos surtos.

O rastreamento já é feito de forma manual em vários países europeus, inclusive na França, mas o StopCovid acelera o processo, ao identificar contatos por Bluetooth e alertar os usuários se eles tiverem passado mais de 15 minutos a menos de um metro de alguém que teve teste positivo para coronavírus.

Segundo pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido), para que seja um instrumento útil, o app precisa ser usado por ao menos 80% dos usuários de smartphone (cerca de 60% da população, dependendo do país).

O governo francês disse que não tem meta mínima para os downloads e que o ideal é que todos os usuários de celular usem o programa, principalmente quem frequenta transporte público, restaurantes ou supermercados nos horários de pico.

É nesses locais que ocorrem mais encontros com pessoas desconhecidas, o que pode impedir o rastreamento manual.

Até o começo da noite desta terça, o governo não havia divulgado o número de downloads.
Como a maior parte das iniciativas nesta pandemia, os aplicativos são experimentais, o que aumenta o risco de falhas e, como em outros países, entidades de direitos civis apontam risco à privacidade dos cidadãos.

A comissão independente que verifica o uso dos dados e a Assembleia francesa autorizaram o aplicativo na semana passada.

Nesta terça, o país registrava 189.220 casos, com 28.233 mortes por Covid-19, uma taxa de 44 por 100 mil habitantes, a sexta maior do mundo.

Na Itália, que ao lado da França, do Reino Unido e da Espanha foi um dos países mais atingidos pela pandemia na Europa, o aplicativo Immuni foi lançado em quatro regiões nesta segunda: Puglia, Ligúria, Marche e Abruzzo.

Na Espanha, o Ministério da Saúde declarou neste final de semana temer que um aplicativo provoque apenas uma avalanche de falsos casos positivos, abarrotando os serviços de saúde.

O país implantou um teste piloto nas ilhas Canárias, mas ainda não decidiu se vai adotar a ferramenta em nível nacional.

Tentativas de utilizar um app desenvolvido pelo governo britânico fracassaram no começo deste mês, depois de que a versão doméstica apresentou falhas ao ser testada na ilha de Wight. Uma segunda versão está sendo feita em parceria com o Google e a Apple.

Em paralelo, o Reino Unido montou uma equipe de 18 mil rastreadores de contatos, mas eles estão parcialmente ociosos, declarou nesta segunda John Newton, que coordena o programa de testes britânicos.

Segundo ele, há no momento “excesso de capacidade” na estrutura montada, já que o número de novos casos diários está diminuindo no país.

Matt Hancock, secretário da Saúde (o equivalente a ministro), afirmou que o sistema de teste e rastreamento estava sendo “bem-sucedido”: “Aqueles que são solicitados a se isolar pelos rastreadores de contato estão expressando a vontade de fazê-lo, e acompanhamos isso com muito cuidado”.

Segundo ele, nessa situação de uma doença ainda desconhecida, é melhor errar para mais que para menos. “Prefiro ter muitas pessoas treinadas e prontas para o combate se for necessário”, disse.

Nenhum dos dois informou, no entanto, quantos casos positivos haviam tido seus contatos rastreados até agora, quantas pessoas foram solicitadas a se isolar nem o número de testes positivos nesses casos.

Dos quatro países europeus, a Espanha (que nos últimos dois dias não registrou mortes por Covid-19, algo inédito desde o primeiro óbito, em 13 de fevereiro) é o que realiza mais testes em relação à população: 8.692 por 100 mil habitantes, seguida pela Itália, com 6.466/100 mil habitantes até esta terça.

O Reino Unido, que patinou para atingir suas metas, está em 6.316/100 mil. A França fez até agora 2.121 testes por 100 mil habitantes.

As informações são da FolhaPress

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