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Mundo

Abertura de pedido de impeachment de Trump ganha força entre democratas

Lindauro Gomes

19/04/2019 20h23

O pedido de impeachment do presidente Donald Trump, com base no relatório do procurador Robert Mueller, ganhou força ontem nos EUA. A senadora democrata Elizabeth Warren, pré-candidata à presidência, defendeu que os deputados comecem o processo. No mesmo dia, o presidente do Comitê de Justiça da Câmara, Jerry Nadler, intimou o Departamento de Justiça a entregar uma versão sem censura do relatório de Mueller.

Na quinta-feira, depois de dois anos de investigação, o relatório de Mueller sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016 foi entregue aos congressistas com trechos censurados. Apesar de Trump comemorar o que considera sua inocência, o texto aponta contatos entre os assessores e agentes russos. O relatório também mostra manobras de Trump contra a investigação e aponta que o presidente só foi mal sucedido em obstruir o caso porque seus assessores não cumpriram suas ordens

O conteúdo das investigações reacendeu o debate sobre o impeachment de Trump. “O relatório apresenta fatos que mostram que um governo estrangeiro hostil atacou nossa eleição e Donald Trump recebeu essa ajuda. Uma vez eleito, ele obstruiu a investigação”, escreveu Warren no Twitter.

Segundo ela, Mueller colocou o próximo passo nas mãos do Congresso. “O Congresso deve proibir o uso corrupto de sua autoridade por parte do presidente para proteger a integridade da administração da Justiça. O processo correto para exercer essa autoridade é o impeachment”, escreveu a senadora.

No entanto, a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, tem adotado um discurso cauteloso com relação aos pedidos de impeachment. Após a declaração de Warren, a porta-voz de Pelosi afirmou que “é preciso dar um passo de cada vez”. Parte dos democratas no Congresso avalia que é hora de mudar a estratégia e abrir mão dos ataques ao republicano, com foco no debate de questões internas, rumo à eleição de 2020.

Nos EUA, assim como no Brasil, um eventual pedido de impeachment precisa passar pela Câmara e depois pelo Senado. Apesar de os democratas terem a maioria dos deputados, os republicanos têm mais senadores. Segundo analistas, ainda que o processo avançasse na Câmara, o impeachment seria barrado no Senado, a exemplo do que aconteceu com Bill Clinton, nos anos 90.

Já a intimação de Nadler ao Departamento de Justiça exige o material completo até o dia 1º de maio e aumenta o desgaste do secretário de Justiça, William Barr. Ele já vem sendo alvo de críticas por ter indicado que Mueller não apresentou indícios suficientes de obstrução de Justiça, em desacordo com parte do entendimento do procurador.

O Departamento de Justiça classificou a intimação como “prematura e desnecessária” e propôs arranjos com o Congresso para que alguns parlamentares tenham acesso a uma versão do texto com menos trechos censurados – a proposta foi recusada pelos democratas.

No documento de Mueller enviado aos congressistas, o Departamento de Justiça omitiu informações classificadas em quatro categorias, entre as quais estão fatos que podem prejudicar investigações em andamento.

Ontem, Trump usou o Twitter para criticar o relatório do procurador especial. Ele chamou o documento de 448 páginas de “Relatório Louco do Mueller” e falou em informações “fabricadas e totalmente falsas”. “Grande perda de dinheiro e de energia”, disse Trump, sobre a investigação.

O presidente americano, no entanto, foi alvo de integrantes do seu partido. Ontem, o senador republicano Mitt Romney disse que estava “enojado” com as revelações da investigação. “Estou enojado com a extensão da desonestidade e da má orientação por parte dos indivíduos no mais alto cargo, incluindo o presidente”, escreveu o senador, em comunicado.

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