Etapa mais longa da história da Volvo Ocean Race, a perna entre Qingdao (China) e o Rio de Janeiro parece não ter fim. Tudo por conta da falta de ventos na costa brasileira, que já provoca um atraso de cinco dias na chegada das embarcações e provoca o racionamento de comida entre os tripulantes.
A liderança segue com o Ericsson 3, que está a 387 milhas náuticas (aproximadamente 716km) da linha de chegada. O problema é que, nas últimas 24 horas, o barco velejou meras 172 milhas náuticas (318 km).
Em segundo lugar, aparecem os líderes da classificação geral, o Ericsson 4, comandado pelo brasileiro Torben Grael – o time está a 79 milhas náuticas atrás dos co-irmãos do Ericsson 3, cuja tripulação é formada apenas por nórdicos. O Puma é terceiro, seguido por Green Dragon e Telefônica Blue.
Para se ter uma ideia da lentidão da flotilha, quando estabeleceu o novo recorde de singradura (distância velejada em 24 horas), em outubro do ano passado, o barco de Grael cobriu 596,6 milhas (1104km) em um dia.
“Quase perdi as contas dos dias que já passamos aqui, um vai se juntando ao outro e fica tudo muito confuso”, lamenta Jules Salter, navegador do Ericsson 4. “Temos progredido com muita lentidão, a previsão do tempo não faz muito sentido no Atlântico sudoeste. Quando você acha que vai ter um ganho acaba perdendo e vice-versa”, emenda.
“Na noite passada tivemos algumas horas de tensão a bordo”, revelou o tripulante de mídia do Ericsson 3, Gustav Morin. “Estamos praticamente sem vento e em um dos boletins fomos informados de que o Ericsson 4 estava vejelando em 13 nós de vento. Todos ficaram quietos por algum tempo, olhando para o horizonte, esperando que algum vento entrasse. Finalmente conseguimos e foi uma ótima sensação voltar a andar. Porque se você está parado e os outros barcos estão velejando em 13 nós, uma vantagem enorme vai embora em pouquíssimas horas”, observa.
Os ventos fracos que as tripulações têm encontrado são resultado do fim de uma alta pressão e da falta de um novo sistema meteorológico que gere outro padrão de vento. “A situação na aproximação ao Rio é complexa”, explica Jules Salter. “Áreas de ventos muito fracos, pequenas zonas de baixa pressão em desenvolvimento e os barcos vão se espalhando para todos os lados. Tudo o que você pode fazer é tentar encontrar algum sentido nos boletins do tempo a cada seis horas e desenhar linhas, adaptar tudo às condições”, afirma.