Nem uma paralisia cerebral na infância foi capaz de destruir o sonho do pequeno Pedro Jardim de se tornar um jogador profissional de vôlei. Hoje, com 22 anos, o líbero/levantador conseguiu o que desejava e divide espaço na quadra com os atletas sem deficiência. O único sinal restante da doença se localiza no pé esquerdo.
“Não era nem para eu estar andando. Se não tivesse me tratado a tempo, seria tretraplégico”, conta Pedro Jardim.
O talento do rapaz foi reconhecido pelas ex-jogadoras Leila Barros e Ricarda Lima. Elas assistiram a um confronto dele quando defendia o Sesc, há 10 anos, e logo o convidaram para vestir a camisa do projeto Amigos do Vôlei.
A partir daí, o menino Pedro só cresceu e apareceu. De lá para cá, acumulou títulos locais e recebeu convites para jogar fora de Brasília. Rio Preto (MG), Casa Branca (SP) e Três Corações (MG) foram os clubes que o receberam. A volta do atleta ao DF se deu principalmente por estar longe da família.
Superado
Acostumado a lidar com as limitações – o pé esquerdo até hoje é torto –, ele afirma já ter superado qualquer tipo de trauma. Conhecido em Brasília e respeitado no esporte, ele destaca a força de vontade como fator preponderante para dar a volta por cima.
“Minha deficiência me atrapalharia se eu não corresse atrás dos meus objetivos. Se alguém me diz que eu não consigo, aí é que eu me esforço até onde não posso”.
Perfil
Pedro Jardim
Idade: 22 anos
Naturalidade: Brasília
Esporte: vôlei
Posição: levantador/líbero
Peso: 80 kg
Altura: 1,72 m
Principais conquistas: campeão da Copa JK, em 2009; Campeão da Liga Marista, em 2011; Campeão dos Jogos Regionais de SP quando defendia o Rio Preto (MG), em 2011; Campeão e Vice do Brasiliense nas categorias mirim e infantil.
Aposentar não está nos planos
Tal força de vontade e determinação do levantador Pedro Jardim reflete em outra versão de si que acumula: a de técnico.
Afastado das quadras há dois anos por lesões, a última, inclusive, foi no pé esquerdo, ele aceitou a proposta de auxiliar o técnico Luciano Mello no ensino da modalidade em uma escola particular do DF. Cursando Educação Física, ele também aproveitou o tempo fora de atuação para se dedicar aos estudos.
“É muito complicado sair de quadra para ser técnico. A gente sempre cobra muito dos alunos porque já jogamos e sabemos como tudo funciona. Sei que às vezes essa cobrança é demais e lidar com adolescentes é muito difícil”, explica o comandante.
Não vai parar
Embora a opção em não voltar mais a jogar seja tentadora, Pedro leva em consideração o tempo e esforço gastos até aqui para planejar o retorno o mais rápido possível. “No começo as pessoas me olhavam com muito preconceito e faziam piadas sobre a minha deficiência. Já sofri tanto e suei tanto, que não dá para esquecer o passado e parar por aqui”, desabafa o atleta.
Saiba Mais
A história de vida de Pedro é tão cativante que admiradores dele prestaram várias homenagens ao atleta.
Entre elas, há a publicação de um vídeo no Youtube postado há cinco anos que mostra um jogo normal na quadra do Clube Vizinhança. Nele, Pedro atua como levantador e é nítida a habilidade que possui.
A postagem tem mais de 2.300 visualizações, além de uma enxurrada de comentários de incentivo, admiração e principalmente emoção ao observarem as limitações do atleta brasiliense.