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UniCeub/Brasília: nada abala o Bala

Arquivo Geral

26/03/2014 10h00

O ano era 1996 e um grupo de amigos se reuniu para prestigiar um show, em Formosa-GO, da extinta banda P.O.Box, intérprete do hit “Papo de Jacaré”. Ao final do espetáculo, Fernando Santos de Jesus foi surpreendido com um tiro no ombro esquerdo. A bala ficou alojada no braço e ele teve de ficar com o membro imobilizado até o objeto ser expelido pelo corpo.

O projétil saiu após um ano, mas o apelido permanece. Pivô do UniCeub/Brasília, Bala é coadjuvante em quadra – entra em confrontos esporádicos –, mas um dos mais requisitados fora. O cativante humor do jogador de 32 anos é visível até ao relatar o drama da adolescência. “A cicatriz da cirurgia quase não aparece porque a fiz no Sarah e não em açougueiro”, brinca. 

Hoje, o local atingido é mascarado pelo desenho de uma bola de basquete com um “B” ao centro. Letra esta marcada também no boné que usou durante a entrevista. “Se alguém me chama de Fernando nem presto atenção, de tão acostumado que estou com o meu apelido. Quando atendo o telefone, respondo como Bala.”

Com passagens por Rio Claro, Vila Velha, Americana e até no basquete peruano, Bala pouco ouve seu nome ser chamado pelo técnico Sergio Hernández. Há cinco anos nas quadras do DF – entre idas e vindas – ele se acostumou a ficar sentado no banco. 

                               

Consciente quanto ao nível técnico, ele admite não ter como competir com Giovannoni, Marcus Goree e outros parceiros de clube. “É melhor estar no banco de um vencedor do que ser titular de um perdedor”, compara.

O contrato de Bala com o UniCeub vai até 2016, período este que coincide com o fim da faculdade de educação física. “Pretendo ficar na comissão técnica e trabalhar as bases do time (após o fim do contrato). Os principais atletas estão ficando velhos e eles não estão percebendo isso”, preocupa-se. “A garotada precisa desse incentivo.”

Atletismo reforça o apelido

Antes de se encontrar no basquete, Bala tentou a sorte em outro esporte: o atletismo. Durante 40 minutos de um bate-papo animado, ele tentou explicar como chegou à modalidade da bola laranja. “Era alto e magro e tinha uma explosão e agilidade muito grande”, conta o agora pivô.

O seu apelido, inclusive, foi reforçado devido ao tempo em que vivia nas pistas da cidade. Sempre ativo na escola, principalmente nos mais variados esportes, ele conta que sua habilidade maior era nas corridas.

De volta à pista do Centro Integrado de Educação Física (Cief), onde começou como velocista de fato, Bala recordou cada canto do local. Enquanto contava a história de vida, apontava para os lugares que mais gostava de frequentar. “Bem ali tinha um restaurante com uma comida ótima. Aquela piscina ali era uma maravilha. Meu joelho, no entanto, já não é mais o mesmo”, comparou enquanto se preparava para simular uma largada.

Não dá mais

O físico do ex-corredor também já não é o mesmo. Com 2,05 m e 115 kg, o jogador lembra que seu “auge” foi 87 kg, peso que não consegue mais igualar. (K.M.O.).

Desespero o fez carregar caminhão

Dos 15 aos 19 anos, Bala passou por transições entre o basquete e o atletismo. A escolha definitiva pelo “esporte dos grandalhões” veio um pouco mais tarde, aos 20. 

No vai e vem entre um clube e outro até parar no UniCeub, em 2011, o atleta paulista passou por situações complicadas antes de voltar em definitivo a Brasília.

Convidado a defender o Lima Ejército, do Peru, Bala aceitou e ficou no clube por seis meses. Quando voltou ao Brasil, não tinha mais a visibilidade de antes e, mesmo com a árdua procura, não conseguiu encontrar um clube por aqui. 

Parado e sem perspectiva em outra área, ele usou o ócio para concluir o Ensino Médio e buscar um meio de arrecadar dinheiro.

“Entrei em desespero e achei um trabalho de carregamento de carretas. Enchia os veículos de tubos de PVC e ganhava por cada caminhão cheio. O saco de material pesava 50 quilos”, descreve.

Após dois anos, Bala recebeu a oportunidade de integrar o São Sebastião do Paraíso-MG, antes de voltar ao DF. (K.M.O.)

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