O que é melhor: disputar uma competição a 50º C negativos na neve ou a mais de 54º C no deserto? Talvez você não escolha nenhuma das duas, mas a mineira Carla Goulart vive intensamente nos dois extremos. E o melhor: ela gosta.
A preparação para as provas extremas ocorrem dentro de uma câmara de aclimatação. Mais quente do que uma sauna e, ao mesmo tempo, mais fria do que uma geladeira. Lá dentro, ela dispõe de bicicletas e esteiras para treinar.
“A nossa mente é muito forte. Mais do que qualquer um pode imaginar. É isso que me motiva a fazer o que faço”, afirma.
Em dezembro, a ultramaratonista embarca para os Estados Unidos para se preparar para a sua segunda Arreowhead – o mais duro circuito de provas a pé na neve. A prova será em janeiro.
Quando estreou, no início deste ano, ela ultrapassou dez minutos do tempo estabelecido no desafio que deveria ser cumprido em 60 horas. Mesmo atrasada, não foi desclassificada e, além disso, tornou-se a primeira mulher sul-americana a completar o desafio – de 150 competidores, apenas 17 cruzaram a linha de chegada.
“Foi muito emocionante. Quando cheguei, tinha mais de 17 americanos me esperando. Nunca os vi na vida, mas eles choravam de emoção por me ver ali e queriam me dar o troféu deles”, recorda.
Retornar e tentar cumprir a mesma prova pode parecer loucura, principalmente diante das dificuldades que ela passou. Mas, de acordo com a atleta, concluir em tempo hábil e receber o troféu compensa qualquer sacrifício.
No deserto
Em julho, Carla disputou a Badwater 135, no deserto da Califórnia – em longos e desafiantes 217 km de prova. Com o calor intenso e sem a preparação ideal, a atleta sofreu desidratação e deixou a prova na altura dos 80 km.
“Se continuasse, seria ignorância minha. O atleta deve saber os seus limites e respeitá-los”, admite.