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UFC: Preciso no octógono e fora dele

Arquivo Geral

28/03/2014 8h00

A história do árbitro Mário Yamasaki se confunde com a do UFC. Há 16 anos, o brasileiro arbitra lutas do maior evento de MMA do mundo e tem no currículo combates como Anderson Silva x Vitor Belfort, José Aldo x Chad Mendes e Brock Lesnar x Randy Couture. Em 3 e 4 de maio, Mário estará em Goiânia, onde ministrará um curso de arbitragem de MMA. O principal representante do País na modalidade conversou com a reportagem do Jornal de Brasília sobre diversos assuntos, como a polêmica envolvendo o Tratamento de Reposição de Testosterona (TRT) e como funciona a preparação de um profissional que conduz a luta no octógono antes de cada evento.  Nos próximos dias, Mário vai aproveitar a  “folga” do UFC. Ele não participará do evento  em Abu Dhabi (EAU), marcado para 11 de abril,  que terá Rodrigo Minotauro x Roy Nelson. Yamasaki volta no UFC 172, em maio.

Você vem ao Brasil para ministrar um curso de arbitragem no MMA, em Goiânia. Como surgiu a ideia? 

Percebi que em muitos lugares os árbitros e juízes laterais estavam julgando as lutas de forma diferente. Foi assim que a ideia do curso surgiu. O MMA está mudando, algumas regras também são diferentes. Esse é um curso que ministro há algum tempo nos EUA e, atendendo a pedidos, traduzi o curso e agora estou ministrando em português  também.

 Por falar em julgamentos diferentes. Você  recebe críticas por interromper rapidamente algumas lutas de atletas brasileiros… 

Críticas sempre vão existir, mas muitas vezes elas não têm sentido. Por exemplo, no UFC 147, o Wanderlei Silva foi para cima do Rich Franklin. Percebi que o Franklin estava se defendendo inteligentemente e faltavam dez segundos  para o fim da luta. O Wanderlei não conseguiu o nocaute e acabou cansando. Isso varia muito. Nunca os dois córners vão ficar satisfeitos com uma decisão.

 Você arbitrou várias lutas de brasileiros. Sofreu algum tipo de pressão durante o combate?

Às vezes, os lutadores tentam fazer essa pressão. Aconteceu com o Lyoto (Machida) na luta dele contra o Mousasi. Ele levou um chute na cara e me perguntou se eu ia tirar pontos. Respondi perguntando se ele ainda queria lutar ou queria parar. Busco não deixar que eles façam esse jogo de pressão e corto o mais cedo possível.

No futebol um juiz não pode apitar uma partida da seleção de seu país. No MMA  isso não ocorre.  Acha que deveria ser copiado?

Não é só no futebol que isso acontece. No boxe também funciona assim. No começo do UFC só tínhamos o John McCarthy e eu de árbitros. Como ia fazer? Não ia ter luta de brasileiro? Mas  sempre busco ser ético e correto quando estou arbitrando uma luta. Quando  entro numa luta,  não tenho mais bandeira, não tenho cor, não tenho raça. Busco fazer o meu melhor, até porque se eu não fizer os caras vão me cortar do evento.

 Os lutadores precisam passar por um longo período de treinamentos antes das lutas. Como é o período de preparação para um árbitro? 

Se precisar arbitrar uma luta amanhã, estou pronto. Você precisa se manter saudável, com uma boa mobilidade. A gente precisa fazer um exame físico uma vez por mês. Recomendo aos árbitros que, nas 24 horas que antecedem o evento,  não  bebam nada alcoólico. Nesse período, particularmente, me concentro muito e busco ficar com a mente limpa. Mas no geral não há uma preparação específica.

 E o que você acha dessa polêmica envolvendo o TRT?

Sou contra o uso do TRT. Acho injusto com quem não usa porque o TRT beneficia muito quem usa. O cara ganha muito em força, potência e ainda há uma melhora na recuperação muscular.

 Você acha que os lutadores brasileiros ficaram para trás em relação aos estrangeiros?

Não digo que ficaram para trás. Há muitos brasileiros talentosos. O que acontece é o que o MMA evoluiu e os treinamentos no exterior também. O que precisa evoluir são os treinamentos no Brasil. Um cara que faz um camp (treinamento) para uma luta fora do Brasil consegue evoluir bastante. 

Muitos espectadores do UFC associam você ao “coraçãozinho” que  faz quando é apresentado nas lutas.  Como isso começou?

No início não tinha  um padrão. Às vezes fazia o hangloose ou o sinal do metal. Certo dia minha filha me perguntou: “pai, por que você não faz um sinal para mim?”. Aí  fiz o coração. E houve até certa polêmica, porque os homens não gostaram e as mulheres gostaram. Só que aí o gesto já tinha virado a minha marca registrada. 

Como é o seu ciclo de amizades dentro do UFC?

Já faz 16 anos que estou no UFC. Tenho uma relação boa com muita gente e acredito que não tenho inimigos dentro da organização. 

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