Depois de anunciar sua desistência dos Jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro, o cavaleiro Rodrigo Pessoa revelou que recebeu uma proposta oficial da Ucrânia para mudar de nacionalidade. O campeão olímpico, no entanto, garante que não tem interesse.
"Recebi um convite da Ucrânia, que montou uma equipe forte, ficou em quarto no último mundial e me ofereceu uma quantidade importante de dinheiro. Mas não tenho esse interesse e pretendo continuar representando o Brasil, que é e sempre foi o meu país", afirmou Pessoa.
O brasileiro decidiu abrir mão da sua participação no Pan por não concordar com os critérios de classificação adotados pela confederação. Ele e Bernardo Alves, ambos residentes na Bélgica, tinham vaga assegurada por estarem entre os 20 melhores do ranking mundial (15º e18º, respectivamente).
As outras três vagas para a equipe brasileira (dois titulares e um reserva), ao contrário do que havia sido planejado, serão disputadas em eventos no Brasil. "O problema é que pelo fato do Pan ser no Rio, todos estão encarando o evento como se fosse um evento local. Não é, o Pan será muito exigente e as equipes dos Estados Unidos, Canadá e México vão com sua força máxima”, lembrou Pessoa.
“Nós não temos culpa do Brasil ser um país em desenvolvimento e os investimentos em infra-estrutura, cavalos e premiação serem muito maiores na Europa. O continente europeu é o berço do hipismo e lá temos os mais importantes eventos e conjuntos do esporte no mundo. Por isso eu e outros brasileiros que temos como objetivo figurar entre os melhores no hipismo somos obrigados a viver na Europa”, continua.
O Brasil conta com cinco conjuntos competitivos que residem na Europa: Álvaro Affonso de Miranda Neto, Bernardo Alves, Cassio Rivetti, Pedro Veniss e o próprio Rodrigo Pessoa. “Se olharmos friamente para o cenário de uma maneira geral, sem ficar com essa divisão absurda de ‘europeus’ e brasileiros, pois todos representamos o Brasil, vamos ter a clara visão de que para vencermos as principais competições por equipes, depois de um longo tempo, temos cinco conjuntos muito fortes”, conta Pessoa.
“A única coisa que os conjuntos que residem na Europa solicitaram é que, dentre as outras três vagas da equipe, pelo menos uma fosse disputada na Europa. Para saltar as seletivas no Brasil na segunda quinzena de maio e no inicio de junho, os cavaleiros que moram aqui precisam colocar seus cavalos num avião, passar um mês e meio no Brasil, perder concursos importantes que somam pontos para o ranking mundial e, depois das seletivas, voltar para a Europa e, se classificados para o Pan, retornar ao Brasil novamente”, explica.
Para Rodrigo, “o que impulsiona o hipismo no Brasil são os resultados em Mundiais, Olimpíadas, Copas do Mundo e uma medalha de ouro no Pan do Rio, além, é claro, de um trabalho sério no hipismo de base que há muitos anos não é feito. Pela primeira vez em minha carreira estaria levando meu principal cavalo para o Brasil e eu realmente estava focado em vencer a competição”, lamentou.
“Se no momento, pelo fato de o Pan ser realizado no Brasil, os dirigentes acham que é preciso incentivar o hipismo local, pois então que usem a minha vaga para isso. Minha história com o esporte e representando o Brasil sempre foi conseguir o melhor e lutar pelos melhores resultados”, finalizou Pessoa.
< !-- /hotwords -- >