A forte chuva que atingiu a capital mudou todo o cronograma da tradicional Seis Horas de Kart, no kartódromo anexo ao Autódromo Nelson Piquet, deixando quase 100 pilotos ansiosos e exigindo deles a melhor habilidade possível no revezamento em 25 carros.
Com cinco minutos de prova, Felipe Nasr – que vai disputar a Fórmula 1 a partir do ano que vem pela escuderia Sauber – já havia pulado da quinta para a primeira posição. Pilotos engalfinhavam-se para chegar à ponta até o céu desabar e esfriar os ânimos, paralisando a prova.
O mau tempo, na verdade, era previsível, mas não com a força suficiente para parar a corrida em mais de 40 minutos e deixar os pilotos inquietos, como ocorreu.
Pedro Piquet, piloto mais novo da família de forte sobrenome no automobilismo, disse ao Jornal de Brasília na última quarta-feira que queria ver a água cair, mas mudou de ideia. “Também não queria que fosse assim. Está demais”, disse.
A correria tomou conta dos boxes e era inevitável não se molhar. Fora da prova, o atual campeão brasiliense da modalidade Daniel Cunha lamentava não estar encharcado como os outros. “Só se sai bem quem , de fato, consegue pilotar na chuva”, alegou.
Tudo para ficar perto
A chuva não parou, mas os karts voltaram ao circuito assim que ela deu uma trégua e era nítida a dificuldade que os pilotos tinham para manter-se na pista completamente molhada.
A cada volta era possível ver alguém rodar, só para depois voltar a correr e recuperar a posição perdida – os favoritos ao título, inclusive, protagonizaram vários escorregões no kartódromo.
A situação, porém, não era nada divertida para os competidores e suas respectivas equipes, mas fez a diversão de quem foi ao local apenas por assistir.
“É muito legal e engraçado porque dá para ver que os pilotos profissionais e famosos são gente como a gente e passam cometem os mesmos erros que nós”, disse o engenheiro Cláudio Abreu. Ele não tem kart próprio, mas frequenta os kartódromos de Brasília para pilotar com os amigos do trabalho.
As crianças faziam a festa e molhavam-se sem preocupação a fim de ver os carros de perto, para a tristeza das mães. “Mas eu quero ver o Nasr!” exclamou o pequeno Diego Brito, tentando convencer a mãe Joana.
Intruso provoca risos
Sediado no coração de Brasília e contando com grande número de pilotos nascidos na capital, a prova ganhou ainda mais diversão com a importante presença de intruso. Sua voz e sotaque não combinavam com o cenário predominantemente candango afinal, o francês Marc Arnoldi, de 46 anos, responsável por narrar o campeonato, levou o público a gargalhar diversas vezes com piadas.
“Gosto do Brasil porque não é chato como a Europa e as mulheres daqui são muito mais bonitas, confesso”, brincou.
Além de locutor, ele acumula os cargos de jornalista e professor. Situações que jamais conseguiria fazer em Paris, sua cidade de origem. “Lá você tem que fazer uma coisa só ou não é respeitado”, admite.