Embora tenha começado com uma grave fratura na coluna da ex-ginasta Laís Souza que culminou em uma lesão na coluna cervical, o ano de 2014 foi proveitoso aos esportes olímpicos, principalmente na conquista de medalhas.
Os destaques do período ficaram por conta da ginástica artística, judô e natação. Mesmo com a pausa para a Copa do Mundo, os atletas mostraram estar em forma e trouxeram muitos ouros ao Brasil na segunda metade do ano.
Diego Hypólito venceu o passado frustrado sem medalhas e ressurgiu das cinzas após a conquista do bronze no Mundial da china. Depois do feito, ainda trouxe mais dois ouros da Colômbia.
As brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze superaram o vento fraco, venceram as rivais dinamarquesas e pegaram a medalha de ouro no Mundial de Vela, em Santander (Espanha).
Nas piscinas do Catar o Brasil, em um dia só, subiu ao lugar mais alto do pódio quatro vezes com direito a quebrar recordes. Etiene Medeiros e Felipe França foram as grandes estrelas do dia. Cielo trouxe a cereja do bolo ao conquistar o bicampeonato mundial nos 100 m livres.
Janeiro
O sonho acabou
Mal o ano começou e o esqui aéreo sofreu com uma perda. Recém-chegada ao esporte e aguardando a sua classificação para as Olimpíadas de Inverno – a primeira da sua vida -, em Sochi (Rússia), a brasileira e ex-ginasta Laís Souza viu o sonho ir embora após chocar-se com uma árvore e fraturar a coluna. Desde então, ela está em tratamento para recuperar os movimentos.
Faltava apenas um mês para os Jogos e a atleta resolveu dar prosseguimento aos treinos nos Estados Unidos. Na época, o irmão Matheus Souza tentou explicar como se deu o acidente. “Ela estava em alta velocidade e saiu do trajeto da pista. O esqui não tem freio e ela se acidentou”, contou.
Laís sofreu o acidente após realizar o salto. No esqui aéreo, o atleta desce uma pista na neve em alta velocidade, é lançado para o ar por meio de uma rampa, faz acrobacias antes de chegar ao solo e aterrissa.
Fevereiro
Olimpíadas em Sochi (Rússia)
Um recorde de 88 países classificaram atletas para competir, batendo o recorde anterior de 82 países na última Olimpíada de Inverno, em Vancouver.
Ao todo foram 98 eventos em 15 disciplinas de 7 esportes que compuseram o programa dos Jogos. Foram três disciplinas de patinação: artística, velocidade e velocidade em pista curta. O esqui foi dividido em 6 disciplinas: alpino, cross-country, estilo livre, combinado nórdico, saltos de esqui e snowboard. E três modalidades de trenó: bobsleigh, luge e skeleton. Os outros três esportes são biatlo, curling, hóquei no gelo.
Os jogos foram realizados em dois clusters; um na área costeira de Sochi, para os eventos de gelo, e outro na Clareira Vermelha, para as competições na neve.
A Olimpíada acabou em 23 de fevereiro e a anfitriã Rússia teve o maior número de medalhas – 33 no total (13 ouros, 11 pratas e 9 bronzes). Nuruega e Canadá ocuparam a segunda e terceira colocação, com 26 e 25 medalhas respectivamente.
O Brasil não ficou entre os dez medalhistas.
Março
Ouro na artística
No Chile a equipe feminina de ginástica artística brasileira conquistou a medalha dourada na modalidade pelos Jogos Sul-Americanos de Santiago.
A brasileira Yane Marques levou o ouro no pentatlo feminino individual. Ganhadora também dos Jogos de 2011 no México e bronze na Olimpíada de Londres de 2012. Ela marcou 1.364 pontos.
A compatriota Priscila Santana (1.279) ficou com o bronze e a chilena Javiera Rosas (1.308) ficou com a prata.
Jade Barbosa brilhou ficando com dois ouros no individual geral e no salto. Depois a brasileira partiu para as barras assimétricas e garantiu a prata.
No masculino Sérgio Sasaki ficou com a prata no individual geral, Péricles da Silva também conquistou o segundo lugar no cavalo com alças seguido do brasileiro Francisco Barreto Júnior.
Nas argolas Arthur Zanetti subiu ao lugar mais alto do pódio e mostrou porque é o atual campeão Olímpico e Mundial no aparelho.
Abril
Brasil é campeão geral do Pan de judô no Equador
Depois de quatro dias de disputas no Pan-americano em Guayaquil, a delegação brasileira de judô terminou a competição com a mala cheia. Sete medalhas de ouro, quatro de prata e cinco de bronze pesaram na bagagem dos atletas canarinhos.
Além do primeiro lugar geral no número de medalhas, Tiago Camilo comemorou mais do que os outros colegas.
Depois de um ano parado por conta de uma lesão no ombro – fratura esta que o impediu de participar do Mundial do Rio, no ano passado – Camilo foi um dos brasileiros a subir ao lugar mais alto do pódio.
Até chegar lá na categoria até 90kg, ele venceu três adversários por ippon. Na final com o cubano Andy Granda, o brasileiro não conseguiu o golpe perfeito, mas venceu por uma punição do adversário.
Felipe Kitadai (60kg), Charles Chibana (66kg), Alex Pombo (73kg), Victor Penalber (81kg) e Rafael Silva (+100kg) também levaram o ouro na categoria masculina.
Érika Miranda (52kg) foi a única brasileira a levar a dourada.
O primeiro lugar brasileiro no quadro de medalhas só foi ameaçado por Cuba, que ficou em segundo com um bronze a menos.
Agosto
A volta da China com medalhas na bagagem
Em Nanquin, na China, o Brasil conquistou cinco ouros, sete pratas e um bronze nas Olimpíadas da Juventude.
O grande destaque da delegação ficou a cargo da ginasta Flávia Saraiva, de 14 anos. Com 13.776 no solo, Flavia superou favorita a russa Seda Tutkhalyan (13.733) e a britânica Elissa Downie (13.466). Na trave, a atleta mais jovem da delegação brasileira fez 14.000, ficando atrás da chinesa Yan Wang (14.633) e à frente de Elissa Downie (13.500).
A diferença dessa história é que ela foi chamada às pressas para substituir Rebeca Andrade. A atleta deixou a delegação depois de se contundir. “Estou muito feliz em representar o Brasil, representar a Rebeca e mostrar que eu consegui essa medalha também para ela. É uma obra do destino”, comemorou Flávia após as conquistas.
Na final da chave de duplas masculinas no tênis, os brasileiros Marcelo Zormann e Orlando Luz garantiram a medalha de ouro com um triunfo sobre os russos Rublev e Khachakov por 2 sets a 1.
Setembro
Ela quase não veio
Quase não tinha vento no início do campeonato e isso prejudicou a performance dos atletas do Mundial de Vela na classe 49erFX, realizado em Santander (Espanha). Apesar da desistência de muitas regatas, os últimos dias da competição foram emocionantes.
As brasileiras Martine Grael e Kahena Kunze fizeram uma disputa acirrada com as dinamarquesas Ida Marie Nielsen e Marie Olsen, e chegaram para a medal race com uma desvantagem de apenas dois pontos para as rivais.
Para garantir a medalha de ouro, Martine e Kahena precisavam ficar na frente das dinamarquesas e foi isto o que aconteceu. “Foi muito bom disputar esta regata com tanta gente torcendo por nós. Foi emocionante”, disse Kahena Kunze na ocasião.
O Mundial de Vela, realizado na baía de Santander, serviu para definir 50% das vagas da vela para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio, mas como o Brasil é o país-sede, tem vaga garantida em cada uma das dez classes olímpicas.
A medalha, inclusive, foi a única do Brasil nesta edição do Mundial de Vela. Além desta, apenas Robert Scheidt – quinto colocado na classe Laser – ficou entre os dez primeiros, na Espanha.
Outubro
O retorno da fênix
Reserva do jovem Caio Souza – considerado pela comissão técnica da seleção brasileira um atleta mais completo do que o veterano -, Hypólito ressurgiu ao substituir o companheiro lesionado e liderar a seleção brasileira em sua melhor campanha da história em Mundiais de ginástica artística, em Nanning, na China.
O desempenho mudou completamente o semblante do veterano. No lugar do ouro, o bronze conseguiu brilhar mais forte e, de volta ao pódio, o feito foi tão comemorado quanto o primeiro lugar obtido pelo russo Denis Abliazin.
Na final do solo Diego fez boa apresentação, com dois pequenos erros de aterrisagem. Eles, inclusive, foram os responsáveis por tirar a chance do atleta de subir mais alto no pódio.
O brasileiro ficou em terceiro com 15.700 pontos, muito perto do japonês Kenzo Shirai, segundo colocado com 15.733. A medalha de ouro foi para o russo Denis Abliazin, que obteve 15.750 pontos.
“Eu tenho nove participações em mundiais, fui finalista em oito e conquistei cinco medalhas (dois ouros, uma prata e dois bronzes). Essa, em especial, tem mais valor porque eu era um super reserva da seleção e já não era mais tratado como alguém que tivesse chance de ir ao pódio”, disse o atleta ao Jornal de Brasília.
Novembro
Desta vez o ouro veio
Pouco mais de um mês após ter conquistado o bronze no Mundial em Nanning, na China, Diego continuou vivendo bons momentos na ginástica artística.
Depois de passar pelo lado oriental do planeta, o ginasta conquistou mais dois ouros – no solo e no salto – na etapa da Copa do Mundo em Medellín, na Colômbia.
“Tenho que manter os meus pés no chão, pois o objetivo são as Olimpíadas (de 2016). Essas medalhas me mostram que se eu acreditar é possível. Nunca imaginaria terminar o ano com esses resultados”, comemorou o atleta brasileiro.
Dezembro
Natação quatro vezes dourada
Foi na piscina de Doha, no Catar, que o brasileiro Cesar Cielo conseguiu o bicampeonato mundial dos 100 m livres.
Cielo conseguiu superar seu maior rival em Doha, o francês Florent Manaudou, e levou o ouro nos 100m livre, como o tempo de 45s75. O brasileiro João Lucca também disputou a mesma prova, mas terminou na sétima colocação.
Mas o grande destaque da competição foi a jovem Etiene Medeiros.
A brasileira levou a melhor nos 50m costas, quebrou o recorde mundial da prova com o tempo de 25s67, e fez história.
Essa foi a primeira vez que o Brasil conquistou uma medalha na disputa feminina do Mundial. A terceira medalha de ouro brasileira do dia ficou a cargo do Felipe França. Alem de subir ao lugar mais alto do pódio ele bateu recorde da mesma competição que Etiene. Felipe terminou a prova com 25s63, na frente do britânico Adam Peaty e do sul-africano Cameron Van der Burgh. O quarto e último “colar dourado” também foi conquistado por Felipe no revezamento 4x100m medley masculino, a última prova do dia. Os Estados Unidos ficaram com a prata e a França com o bronze.