“Acho que é passageiro e foi uma precipitação. Ele é um campeão, vai sentir saudades e vai voltar a lutar, como já aconteceu muitas outras vezes no esporte. Pode ser que não aconteça, mas acho que pelas circunstâncias é mais provável que sim”, garantiu o ex-pugilista, que não sabia da notícia e foi “surpreendido”, como ele próprio disse.
Popó fez o anúncio de sua aposentadoria na noite desta terça-feira, em Salvador, e largou o esporte aos 30 anos como detentor do cinturão dos leves pela Organização Mundial de Boxe (OMB). Jofre, que lutou até os 40 anos e foi campeão aos 37, acredita que o caminho do pugilista ainda seria longo e, provavelmente, com mais glórias.
“Sinceramente, se estou em seu lugar, vou aproveitar, vou me encher de dinheiro, para nunca mais precisar trabalhar. Vou ajudar minha família. Foi o que eu fiz. Poderia ter parado no auge, mas me sentia bem e ganhava sempre. Os 30 anos, no boxe, é o auge. Você já não cresce mais, não engorda tanto e é mais experiente. Ele poderia ter seguido”, explicou.
A opinião de Éder Jofre é compartilhada pelo outro campeão mundial de boxe do país em atividade. Valdemir Sertão Pereira, que perdeu para Erik Aiken o cinturão dos penas pela Federação Internacional de Boxe (FIB), em maio, foi mais um pego de surpresa com a notícia do fim da carreira do companheiro. Assim como Jofre, foi taxativo e garantiu que a decisão poderia ser repensada.
“Ele poderia lutar mais. Mas deve estar bem, com dinheiro, com casa. Ele foi campeão quatro vezes, parou no auge, ganhou mais de 1 milhão de dólares em prêmio. Acho que daria para ele lutar até uns 40 anos”, diz Sertão. “Se fosse eu continuava lutando”, apontou ele, que se prepara em São Caetano para tentar recuperar o título perdido.
Indo em sentido contrário, o também ex-pugilista Servílio de Oliveira, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos da Cidade do México-1968 e hoje empresário de Sertão, afirmou que a decisão de Popó foi acertada por ele parar no auge. “Ele é um cara inteligente, conquistou tudo e quer parar por cima. Está mais do que certo. O povo brasileiro vai ficar com a melhor imagem dele, a de vencedor”.
Como empresário, novas batalhas pela frente
Se divergem quanto à hora que Popó parou, Éder Jofre e Servílio de Oliveira unem os discursos ao comentar sobre o futuro do baiano. Para ambos, a vida de empresário à qual ele se propõe agora pode representar bons frutos pessoais e para o esporte brasileiro.
“Conhecer boxe, ele conhece. Ele vai ter dor de cabeça, muitos lutadores vão aparecer, mas não vão atingir o ideal. De qualquer jeito, é louvável a atitude de não se afastar do boxe, ainda mais se ele for lidar com a juventude, se aproveitar para tirar os meninos das drogas. Se acontecer isso, temos que aplaudir”, conta Jofre.
Já experiente na carreira, Servílio também faz previsões e dá dicas para o sucesso de Popó. “Ele está certíssimo. É uma carreira que precisa fazer programações, precisa acertar para possa surgir outro Popó. Ele viveu o boxe, sabe o que é e como tem que fazer. Acho que tem tudo para dar certo”.
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