A seleção brasileira masculina de ginástica artística já traçou seu objetivo para o próximo ciclo olímpico. Depois de garantir um ginasta na competição nas edições de Atenas-2004 e Pequim-2008, o desafio agora é seguir os passos do feminino e participar com equipe completa em 2012. “Este é o objetivo”, avisa o campeão mundial de solo Diego Hypólito, escolhido para representar o Brasil nos Jogos chineses. Para ele, a maturidade que o grupo atual está acumulando permitirá atingir a meta no próximo ciclo.
A seleção que foi ao Mundial de Stuttgart oscila entre os 20 anos de Luiz Augusto dos Anjos e Caio Costa e os 26 de Mosiah Rodrigues. No masculino, ao contrário do feminino no qual em geral as mais jovens são os grandes destaques, o tempo costuma favorecer os candidatos graças à exigência de força e aprimoramento técnico como diferenciais. É isto que aumenta a confiança de Diego para a próxima luta pela classificação olímpica. “Esta equipe vai estar mais madura e hoje nós vemos atletas em torno de 30 anos disputando medalhas”.
Com a experiência de uma Olimpíada (Atenas-2004) no currículo, Mosiah também é otimista. “A equipe de hoje tem grande qualidade”, elogia, sem esquecer os obstáculos que precisarão ser superados para o sucesso do projeto. Veterano do grupo, ele cobra mais oportunidades competitivas para a equipe se aprimorar. “Este ano tivemos apenas duas competições por equipe (Pan e Mundial)”, lembra. “Precisamos de mais amistosos e competições para o Brasil ser conhecido como equipe. Mas temos mais um ciclo todo pela frente”, completa.
A presidente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), Vicélia Florenzano, concorda e promete um programa especial para manter as atividades do grupo que, ao contrário da equipe feminina, não fica concentrado no Centro de Treinamento de Curitiba (PR). Sem técnico principal, os ginastas do masculino mantêm as atividades em seus clubes de origem, reunindo-se apenas em época de competição. “A Confederação ainda vai investir neles em competições específicas”, afirma. “Para a próxima (Olimpíada), tenho certeza que teremos toda equipe masculina também”.
Apoio e respeito – Em busca de confirmação entre as referências da modalidade no exterior, a seleção masculina ainda precisa conquistar seu espaço dentro do país. Ao contrário do time feminino, eles ainda têm dificuldade para atrair patrocinadores.
“Todo mundo só quer as meninas”, reconhece Vicélia. Atualmente, a CBG conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal e os recursos da Lei Piva, totalizando uma verba de R$ 4 milhões/ano para atender às necessidades de todas as seleções. O apoio da estatal é até dezembro deste ano, mas já está prevista a renovação para 2008. Alguns atletas, como Diego e Daniele Hypólito, têm também patrocínios individuais.
Se aos olhos de fora os meninos da seleção têm de provar seu valor, internamente a situação é diferente, assegura Diego. Segundo ele, o país já é mais respeitado no exterior. “Mas o mais importante é o que a gente sente e hoje vejo que nos respeitam mais. Os atletas confiam mais no seu taco”.
No feminino, a situação é ainda melhor. “As pessoas olham para a gente de maneira diferente”, assegura Daniele, primeira medalhista nacional em Mundiais (prata no solo na Bélgica em 2001). Daiane dos Santos, campeã mundial no mesmo aparelho em 2003, nos Estados Unidos, acrescenta. “Hoje em dia, as pessoas querem saber o que o Brasil vai trazer. Isso é legal para a equipe”.