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Sai o rosa, entra o roxo em um jogo pra lá de feminino

Arquivo Geral

06/04/2014 10h59

O “Concretão” do Museu da República, patins, tatuagens, cotoveleiras, joelheiras e capacetes. O modo como cada elemento se encaixa descreve bem a década passada, principalmente em um filme lançado em 2009, “Whip it”. A trama do longa-metragem tem como um dos coadjuvantes o esporte que está conquistando cada vez mais adeptas em Brasília, o Roller Derby. Uma modalidade diferente, dominada pelo público feminino.

Embora saiba da existência do filme, Jaqueline Peixoto logo afirma: “É ridículo o modo sensacionalista que mostram. O esporte em si, é diferente daquilo lá”, critica. 

Com a criação do longa, ou não, grande parte das garotas procuraram a modalidade após terem sido estimuladas pelo filme dirigido pela atriz hollywoodiana Drew Barrimore. “Assisti, mas nem fazia ideia que o esporte existia em Brasília. Quando descobri, vim ver um treino e logo estava no time”, lembra Carol Igreja.

Apesar da influência causada pelo título cinematográfico, o esporte praticado na vida real é de muito contato físico, ao ponto de assustar futuros adeptos.

HEMATOMAS

O roller derby foi fundado nos Estados Unidos, em 1930, e é um esporte que envolve velocidade, destreza e muito contato físico em uma pista oval.

O jogo tem como objetivo principal fazer com que uma atacante ultrapasse as defensoras rivais, em uma espécie de corrida em circuito oval. No entanto, as defensoras rivais tentarão de todas as formas (dentro do permitido) impedir que isto aconteça.

A ação envolve esbarrões e empurrões acumulando em muitos tombos olímpicos. “Depois do terceiro tombo, todo mundo se acostuma. Hoje, eu chego em casa com hematomas que nem lembro como aconteceram”, revela Jaqueline Peixoto.

Roxo, a cor predominante

Sob patins maiores que os pés, fruto da adoção de um amigo, a novata Raphaela Christina dava sinais de que não tinha muita experiência sobre rodas. O primeiro treino na equipe Wing City Angels (a única de Brasília em atividade) rendeu à roller uma torção no pé e alguns tombos. Para esconder os roxos ela diz que a equipe tem lá os seus truques. “Por isso somos tão tatuadas”, brinca a estreante.

Jaqueline, por sua vez, garante que a tatuagem não é uma exigência, mas que atrai mulheres diferenciadas. “As pessoas me perguntam se é fundamental ter tatuagens para praticar. É óbvio que não. Mas precisamos de mulheres com muita personalidade”, justifica.

O grupo tem apenas 13 praticantes, sendo 10 o número mínimo para competições.

Homens não têm vez

Por ser um esporte onde os homens não têm vez, existem os  que admiram e também lutam por entrar no grupo. Para isto, é necessário ser técnico ou juiz de um determinado elenco.

É o caso de Francis Vieira. Vestido com os mesmos equipamentos das demais do elenco, ele alega estar satisfeito em fazer parte do esporte e não se sente intimidado por ser o único homem do time.

“Eu adoro estar no meio delas. É muito legal ver que existe um esporte voltado só para as mulheres. Chega de futebol e outras modalidades que só afastam ou dificultam a entrada do sexo feminino”, dispara o árbitro.

FONTE DA JUVENTUDE

As jogadoras do Wing City Angels têm uma média de 25 anos. A mais velha e idealizadora do elenco tem 36, e, de acordo com as integrantes, não aparenta ter essa idade.

“O roller derby não deixa ninguém envelhecer”, afirma Jaqueline Peixoto. A paixão pelo esporte é tão grande que ela intercala os estudos e o trabalho com a prática da modalidade.

Atualmente o time fundado em 2012 não participa de nenhum campeonato, mas não deixam de treinar.

Entenda o Jogo

Roller Derby

– Cada time entra com cinco jogadoras por vez na pista oval;

– Das cinco, quatro são bloqueiadoras (blockers) e uma atacante (jammer), identificada com uma estrela no capacete;

– As quatro bloqueadoras de cada time se alinham juntas e formam uma espécie de “muro de bloqueio” (o pack), enquanto a jammer se alinha atrás;

– As capitãs (líderes do pack e responsáveis por montas as jogadas defensivas) são  chamdas de pivots, e usam a faixa no capacete;

– Todas as atletas são liberadas ao mesmo tempo com um único apito curto;

– Na primeira volta, as jammers não marcam pontos, no entanto, aquela que conseguir passar pelo pack primeiro, sem cometer nenhuma falta, terá o direito de finalizar a partida antes dos dois minutos colocando as mãos na cintura repetidamente;

– Os pontos começam a ser marcados após a primeira volta, e são contabilizados a cada ultrapassagem promovida pela jammer sobre suas adversárias. 

– O jogo dura uma hora, em dois tempos de 30 minutos cada.

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