Menu
Mais Esportes

Rebeca não teve direito de se defender, reclama advogado

Arquivo Geral

18/12/2007 0h00

O advogado da nadadora Rebeca Gusmão, Breno Tannuri, confessou ter sido pego de surpresa pelo anúncio da punição de sua atleta pela Organização Desportiva Pan-americana (Odepa). Na noite de segunda-feira, a Organização confirmou quatro casos de doping ocorridos durante os Jogos Pan-americanos do Rio, em julho, entre eles um envolvendo a atleta. “Não fui comunicado oficialmente. Mas se for confirmado o que está sendo dito, particularmente acho que não foi dado o direito da Rebeca se defender”.

A punição da Odepa foi decidida com base no exame antidoping realizado em 13 de julho, primeiro dia dos Jogos e antes do início das competições de natação, a pedido da Federação Internacional de Natação (Fina). Nesta terça-feira, a contraprova da amostra foi aberta no Institute Armand Frappier, em Montreal, e o resultado deve ser anunciado dentro de três dias.

Rebeca não viajou ao Canadá para acompanhar a análise. Isto está sendo feito pelo médico José Blanco Herrera, especialista em doping, e seu representante legal.

Tannuri afirma que houve irregularidades nos procedimentos. “Tenho registro que houve troca de urina e a custódia da amostra é uma coisa muito séria”, diz, considerando a atitude da Odepa absurda. “Não apresentei defesa nenhuma nem estou sabendo o teor da decisão. Nunca vi maior perseguição a uma pessoa e não à atleta”, desabafa.

O antidoping do Pan virou inquérito policial depois que um exame detectou DNAs diferentes em duas das quatro amostras coletadas. Durante duas semanas, o delegado Marcos Cipriano (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde Pública) investigou a acusação de adulteração. “Ele ouviu todo mundo e, no fim, entendeu que ela não tinha feito nada, que havia inúmeros pontos a ser melhor analisados, e enviou o caso ao Ministério Público sem indiciar ninguém. A Odepa, comparável ao método (Eduardo) De Rose de julgar pelo que vê, já condenou a Rebeca”.

Para ele, a nadadora tornou-se alvo desde que levantou suspeitas quanto a idoneidade da instituição canadense por causa de um exame realizado em 2006.

No ano passado, o laboratório Frappier analisou uma amostra da atleta coletada no Troféu José Finkel, registrando resultado positivo para testosterona. “Eles receberam três amostras e em duas deram alteração por testosterona. Nestas duas o material estava degradado e eles nem deveriam ter feito a análise, mas fizeram”.

O resultado foi parar na Fina, que encaminhou à Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos (CBDA) por não se tratar de competição da Federação. Nenhuma das duas entidades puniu a atleta e o caso foi levado ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). O julgamento que seria em dezembro foi adiado para janeiro, ainda sem data definida.

O advogado interpreta a demora na definição como reconhecimento que o “modo de fazer a análise foi equivocado” e questiona que o novo exame da atleta tenha ido parar justamente no laboratório que ela questiona. Segundo ele, o temor de repercussões negativas, como demissões, indenização, além da perda de reputação, teria levado a coloca a atleta nesta situação.

“Não consigo entender esta perseguição e a pressa em condenar a Rebeca. Se me perguntar por que, não sei. Suspeito, mas não sei. Fico chateado por esta vontade de denegrir a imagem da Rebeca cotidianamente”.

Tannuri ainda não sabe o que a defesa fará e espera receber informações oficiais antes de tomar qualquer decisão mas, a priori, não considera que o novo episódio prejudique sua cliente. Pelo contrário. “Esta atitude vil, ilegal e imoral complica mais a situação do laboratório. A da Rebeca não me preocupa, se ficar provado que houve erro está decisão será inócua porque não vivemos em um Estado que não seja democrático”.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado