Mais do que um ídolo, Maria Lenk era tida como um exemplo pela nova geração da natação feminina brasileira. Morta na tarde desta segunda-feira, ela é lembrada pela figura carinhosa e acessível pelas atletas que puderam compartilhar de sua experiência.
Uma das mais privilegiadas nisto foi a carioca Mariana Brochado. Todos os dias as duas se cruzavam nas piscinas do Flamengo e hoje não foi diferente. “Encontrei com ela quando estava saindo do treino. Ela me cumprimentou, perguntou se tinha terminado meu treino. Eu respondi que sim e disse: pode cair na minha raia”, lembra Mariana, ainda sem acreditar muito no que aconteceu.
“Não estou acreditando, de manhã falei com ela. A ficha demora um pouco para cair”, diz a recordista sul-americana dos 200m e do revezamento 4x200m livre. “Ela era uma pessoa superdeterminada. Não foi só uma grande nadadora, mas um exemplo de pessoa”. Mariana lembra que no ano passado Maria Lenk teve problemas físicos, quebrou a bacia e precisou de um longo período de recuperação. “Ela superou tudo”, elogia.
Detentora dos recordes sul-americanos nos 50m e 100m livre, Rebeca Gusmão confessa que também foi pega de surpresa pela notícia. “Conheci a Maria em 1998, no Sul-americano,
Olhando a trajetória de Maria Lenk, Mariana e Rebeca não têm dúvidas quanto ao legado deixado pela nadadora paulista. “Ela não foi apenas um exemplo ou um ídolo, foi um ícone”, garante Rebeca. “Puxou toda uma outra geração. Foi ela quem deu este pontapé no feminino”.
Mariana concorda, lembra todas as palavras de incentivo que recebeu da veterana quando se preparava para sua primeira Olimpíada (Atenas-2004) e do livro que ganhou com uma “dedicatória linda”. “Ela tentou passar toda a experiência possível. Era muito fofa, muito graciosa”, emociona-se. “Foi ela quem começou este legado do feminino, mostrando que pode ser tão bom quanto o masculino. Ela passou por todas as dificuldades e superou”.
Definida pelo presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Coaracy Nunes, como a maior personalidade da história da natação nacional, Maria Lenk é vista como uma meta a ser alcançada. “Ninguém é substituto de ninguém”, responde Mariana sobre a possibilidade de outra nadadora nacional atingir a mesma representatividade da veterana. “Mas sempre se quer chegar perto de grandes conquistas. É o desejo de todo mundo e o meu também. Não passar apenas ladrilho, mas história”.