A crise que atinge a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) preocupa Marcus Vinícius Freire, diretor executivo de esportes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). À espera de satisfações da entidade, o diretor aprova o grupo criado recentemente pelos atletas para buscar melhorias na modalidade.
A emissora ESPN Brasil vem publicando uma série de denúncias de irregularidades na CBV, presidida por Ary Graça de 1997 a 2014 – o dirigente renunciou em meio ao escândalo de corrupção e permanece como mandatário da Federação Internacional de Vôlei (FIVB).
“Estou preocupado. É uma mancha na história do vôlei que vai ficar marcada. Estamos esperando explicações. Elas estão chegando aos poucos e ainda faltam informações a serem dadas. Está havendo uma auditoria na CBV e vamos esperar para ver o que aconteceu”, afirmou Freire nesta quinta-feira, em São Paulo.
O vôlei (praia e quadra) é o principal fornecedor de medalhas para o Brasil nos Jogos Olímpicos (20), superando o judô e a vela. Marcus Vinícius Freire, coincidentemente, integrou a chamada Geração de Prata, premiada com a segunda colocação em Los Angeles-1984.
“O vôlei nos últimos anos se tornou o primeiro esporte do Brasil, porque o futebol é uma religião no país. Com toda a certeza, quando temos uma informação que não é positiva sobre esse esporte, é algo que não é bom para a modalidade”, declarou.
Neste domingo, durante o confronto entre Unilever e Sesi-SP, válido pela final da Superliga, a Geração de Prata estará na Maracanãzinho para comemorar os 30 anos do pódio olímpico e homenagear o narrador Luciano do Valle, morto no último final de semana. Realista, Freire já prevê questionamentos sobre a crise da CBV.
“Aquela medalha de prata foi o começo de toda a história. Vamos festejar o feito e lembrar o Luciano, mas vai acabar surgindo aquela vírgula, com todos perguntando não apenas sobre a medalha, mas também sobre o que aconteceu na CBV”, conformou-se.
Jogadores como Bruninho, Serginho e William, além dos irmãos Gustavo e Murilo Endres, vêm articulando um movimento para reunir os atletas em busca de melhores condições de trabalho. A iniciativa, nos moldes do Bom Senso FC, é apoiada por Freire.
“Os atletas merecem e devem se reunir cada vez mais, devem defender os seus direitos. Quando garoto, eu era chato. Incomodava muito a comissão técnica e a Confederação. Acho que eles têm o direito e devem fazer esse papel. Os atletas merecem ser ouvidos. Eles são as estrelas do show”, afirmou.