Ex-técnico de Robert Scheidt, maior atleta olímpico da história do Brasil, Claudio Biekarck segue na ativa. Aos 63 anos, o representante do Yacht Club Santo Amaro (YCSA) se prepara para tentar confirmar vaga nos Jogos Pan-americanos de Toronto 2015.
Biekarck conquistou oito medalhas (uma de ouro, três de prata e quatro de bronze) entre as edições de Caracas 1983 e Guadalajara 2011 dos Jogos Pan-americanos. No México, ele foi o competidor mais velho da delegação nacional, e voltou com a terceira colocação na classe Lightning.
O velejador tem uma parceria de longa data com Gunnar Ficker e Marcelo Batista. Em Toronto, como há obrigatoriedade de tripulação mista na Lightning, o último será substituído por Maria Hackerott. No começo de 2015, o trio precisa confirmar a classificação.
“Queremos brigar. Se a molecada vacilar, vamos de novo. As disputas no nosso campeonato são bem acirradas e conseguir a vaga não é fácil. Tem outros velejadores fortes, como o Mário Buckup, que também já ganhou o Pan-americano”, declarou o veterano.
Campeão mundial na classe Pinguim em 1970 ao lado de George Ehrensperger, Biekarck disputou as edições de 1972, 1976 e 1980 dos Jogos Olímpicos, sempre na Finn. Com oito medalhas pan-americanas, um recorde na vela brasileira, ele pode aumentar a coleção em Toronto 2015.
“Os Estados Unidos sempre brigam por medalha e o Chile é muito forte na Lightning. Pelo Canadá, depende de quem vai. Normalmente, a disputa por medalha fica entre esses três países e o Brasil. Aparentemente, Toronto tem uma raia de vento fraco, o que em tese traz mais gente para a briga”, explicou.
Entre 1996 e 2004, Biekarck treinou Robert Scheidt, também revelado no YCSA, às margens da Represa de Guarapiranga. Neste período, na classe Laser, o velejador foi campeão olímpico em Atlanta 1996 e Atenas 2004 e ainda ficou com a prata em Sydney 2000. Nos Mundiais, ganhou em 1996, 1997, 2000, 2001, 2002 e 2004 (também triunfou em 2005, já sem o antigo técnico).
Scheidt manteve a trajetória de sucesso após o final da parceria com Biekarck e passou a colecionar títulos na classe Star ao lado de Bruno Prada. A parceria ganhou duas medalhas olímpicas (prata em Pequim 2008 e bronze em Londres 2012) e os Mundiais de 2007, 2011 e 2012.
A contragosto, Scheidt desfez a parceria com Prada após os Jogos de Londres para retornar à classe Laser, já que a Star acabou retirada do programa olímpico do Rio de Janeiro 2016. Para o ex-treinador do multicampeão, a medida foi equivocada.
“A saída da Star é uma pena. Quando você vai assistir a um jogo de tênis, quer ver Federer, Nadal, Djokovic. Na vela, as feras se concentravam na Star. Muitos medalhistas de outras classes acabavam migrando em busca de longevidade. A mudança não foi boa para a vela e para as Olimpíadas”, disse Biekarck.
Ainda assim, o veterano aposta no sucesso de seu ex-pupilo nos Jogos do Rio de Janeiro 2016. “O Robert é fora de série e o que vem fazendo na Laser aos 41 anos é de tirar o chapéu. A classe é bem forte, mas acho que ele vai chegar muito bem preparado e, pela bagagem que tem, pode trazer medalha”, declarou.