"Passei os últimos cinco meses pensando neste assunto e ontem, durante a homenagem, ao lado da família, dos amigos, pensei: esta é a hora. Não havia momento melhor para fazer isso", diz para explicar a forma inesperada como a decisão veio a público. Segundo ele, o projeto já estava traçado desde o início de sua carreira aos 14 anos. "Sempre disse que iria me aposentar aos 30", afirma, 13 dias após completar 31 anos.
Quatro vezes campeão mundial, Popó deixa os ringues satisfeito pelas conquistas, mas não esconde uma ponta de frustração pela situação fora dos combates. Há dois anos o baiano está sem patrocínio, apesar de haver recebido uma promessa, nunca cumprida, de receber apoio da Petrobras.
"Esta decisão foi minha", diz, negando ter sido influenciado pela família ou mesmo pela dificuldade de encontrar patrocinador. "Sou muito feliz por tudo o que conquistei, mas paro com uma frustração muito grande por tudo isso. A maior emoção da minha vida foi a conquista do meu primeiro título mundial", recorda, recusando-se a guardar os maus momentos. "Independente de qualquer coisa, o boxe me ensinou muito. Tudo o que aconteceu serviu de aprendizagem".
Ausente na festa, o técnico Pereira só soube da notícia por telefone. "Ninguém sabia, mas eu liguei para o Ulisses hoje. Ele soube pela minha boca". O promotor Arthur Pelullo, contudo, ainda não foi notificado da decisão, que chega cerca de um mês antes da data prevista para o próximo combate do baiano. "Com ele eu ainda não falei, mas devo ligar ainda hoje", explica Popó despreocupado.
Longe dos ringues, ele pretende se dedicar à carreira de empresário com a Boxe Brasil, que promove lutas e gerencia a carreira de jovens pugilistas. O plano é intensificar as atividades da empresa, promovendo eventos mensais de boxe a partir do próximo ano.
Projeto que, na opinião de Pereira, segue o caminho certo. "Tudo que ele colocou a mão deu certo e uma dessas mudanças foi agora. A carreira dele tá em alta como promotor, tem bons lutadores com ele e conversamos sobre a possibilidade dele também empresariar alguns atletas que treino".
Responsável por alguns atletas da seleção brasileira, o treinador revela os planos futuros do promotor Popó. "Ele já está de olho em cinco atletas que treino da seleção: Myke Carvalho, Glaucélio, Rafael Lima e David. Eles disputariam as Olimpíadas, encerrariam como amador e aí o Popó assumiria a carreira deles. Eu ficaria como técnico. Estamos conversando e há uma grande possibilidade de dar certo".
Paralelamente, Popó segue com seus investimentos no ramo imobiliário e, em novembro, também deverá ser responsável por uma Fundação. Com tudo encaminhado, o mais novo aposentado garante que o Instituto Acelino Popó Freitas terá como carro chefe o boxe como recurso de inclusão social, mas incluirá outras áreas como lazer e educação. A iniciativa beneficiará a Baixa de Quinta, bairro popular no qual o próprio atleta foi criado.
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