Seis anos de jejum. Foi o tempo que os pilotos de Brasília tiveram de esperar para que um campeonato de motocross oficial fosse realizado na cidade e hoje, às 9h, essa espera chega ao fim. A pista foi montada ao lado do balão do Recanto das Emas e 150 pilotos do DF e regiões inscreveram-se na primeira etapa do torneio brasiliense.
“Eles não acreditaram quando dissemos que íamos organizar. Já ouvimos muitas promessas no passado e eu também não colocaria muita fé”, disse o ex-piloto Alessandro Gomes. Ele e o amigo Denison Lima formaram a Associação Brasiliense de Pilotos e Motociclistas (ABPM) e, junto à Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM), organizaram o campeonato.
Em meio a correria para acertar todos os detalhes a tempo, Alessandro comemora a adesão dos pilotos. De acordo com ele, esse é o pontapé inicial para o sucesso das outras cinco etapas previstas para acontecer neste ano.
“A maior dificuldade que os pilotos encontram é ter de sair daqui para competir em outros lugares. Se tudo der certo, isso não irá precisar mais acontecer com tanta frequência”, espera o presidente da ABPM. Ele pretende organizar mais dois campeonatos simultâneos ao Brasiliense de Motocross, o Cross Country e Velocross, justamente para “segurar” os pilotos do DF.
Cheio de vontade
A idade dos pilotos varia entre 11 e 45 anos e os 150 participantes vão vão se dividir em 11 categorias. Em meio ao movimento das motos, uma em especial vai tentar fazer mais barulho que o normal.
Igor Lucas, de 18 anos, tem um ano de prática e conta os minutos para estrear na sua cidade natal. Nesse período, ele tentou aventurar-se por campeonatos extra-oficiais fora de Brasília e foi surpreendido por um acidente. “Fui ao Carnacross em Três Ranchos (GO), há um mês, caí e tive um leve desvio na coluna e fiquei afastado. O medo de cair aqui em Brasília também é grande, mas a vontade é maior.”
Marcos é um dos favoritos
Outro jovem piloto a competir hoje é o Marcos Guilherme. Diferentemente do amigo Igor, Marcos já foi vice-campeão brasileiro, em 2013, e é um dos grandes favoritos a levar a primeira etapa no Recanto das Emas.
O pai Marcos Lima é mecânico de motos e foi o grande incentivador do filho que começou a pilotar, aos quatro anos. E as habilidades do pupilo são facilmente percebidas quando o piloto resolve fazer algumas manobras no ar.
“Eu fico mais ansioso porque não vejo um campeonato aqui há anos e nunca competi, de fato, na minha cidade. Tem gente que nem sabe o que é motocross por falta de contato”, afirma a bordo da sua CRF 250 cilindradas.
É caro
Marcos Guilherme acrescenta que se não fosse a ajuda do pai, o sonho de correr não seria real, principalmente por ser um esporte com gastos relativamente altos.
“Meu pai pagou R$ 35 mil na minha moto. Fora o transporte e taxas para competir. É caro”, diz.