Oscar recebeu Magic Johnson para uma série de amistosos no Brasil em 1997. Dezoito anos depois, a luta do norte-americano contra o HIV serve como inspiração para o brasileiro, acometido por um câncer no cérebro. Em tratamento, ele segue o basquete e pede o ex-companheiro Guerrinha como técnico da Seleção.
Diante de uma foto com Magic Johnson durante visita ao arquivo do jornal A Gazeta Esportiva, Oscar lembrou a série de amistosos disputados no Brasil contra um time liderado pelo norte-americano. Os jogos festivos marcaram os dez anos do histórico título dos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis 1987.
“Foi legal pra caramba. O único jogo televisionado, a gente ganhou por um ponto. Os outros quatro, perdemos. Mas o importante foi que disputamos cinco partidas aqui no Brasil”, afirmou Oscar, que atuou ao lado de nomes como Rolando, Marcel, Guerrinha e Paulinho Villas Boas na ocasião.
Considerado um dos melhores jogadores de todos os tempos, Earvin ‘Magic’ Johnson conquistou cinco títulos da NBA pelos Lakers e foi campeão olímpico com os Estados Unidos em Barcelona 1992. Ele anunciou ser portador do vírus da Aids em 1991 e deixou definitivamente o basquete em 1996.
Desde então, Johnson passou a usar seu prestígio para conscientizar a população sobre o HIV e atualmente é um empresário de sucesso. “Ele é fantástico, um dos melhores jogadores da história do basquete. Está entre os cinco melhores, para mim. Então, é um cara para copiar mesmo e já está praticamente curado”, disse Oscar, em alusão ao bom estado de saúde do norte-americano.
O brasileiro teve um câncer no cérebro diagnosticado em 2011. Além do tratamento conservador, com intervenção cirúrgica, quimio e radioterapia, Oscar recorreu a médiuns. “Cada vez que descubro algo novo, vou atrás. Já fiz várias coisas e o que aparecer de bom, vou fazer também”, explicou.
Competitivo ao extremo, o Mão Santa trocou o basquete pelo futebol. “Lá, eu posso ser ruim”, justifica. Ainda assim, ele mantém o interesse pelo próprio esporte e deseja ver Guerrinha, um dos participantes do encontro com Magic Johnson, como técnico da Seleção Brasileira no lugar do argentino Rubén Magnano.
“O Magnano, fora. Já passou. Vai até as Olimpíadas 2016 e depois, tchau. Chega, meu! Já fez o papel dele. O Guerrinha tem que ser o próximo treinador da Seleção, porque está mostrando na prática que é bom. Se não for agora, não vai nunca mais”, disse Oscar, reclamando em nome da própria geração.
“Não estou falando por mim, porque não quero ser nada. Mas o Guerrinha, o Cadum e o Marcel querem. Foram excluídos, infelizmente. Minha geração acabou excluída. Passaram uma rasteira e ninguém foi chamado para lugar algum”, afirmou Oscar, de nariz torcido.
Campeão olímpico com a Argentina em Atenas 2004, Magnano assumiu o Brasil em 2010 e reconduziu a Seleção aos Jogos em Londres 2012 após 16 anos de ausência. A contestação ao argentino ganhou força após o fiasco na Copa América 2013, quando a equipe caiu na primeira fase e, por isso, precisou de convite para o Mundial 2014.
Já Jorge Guerra, o Guerrinha, companheiro de Oscar na Seleção, vive o auge de sua carreira como técnico. No comando do Paschoalotto/Bauru, o ex-armador conquistou recentemente a Liga das Américas, torneio classificatório à Copa Intercontinental, e liderou com folga a fase de classificação do Novo Basquete Brasil (NBB).
O Brasil vive clima de indefinição quanto aos Jogos 2016. Embora seja o país-sede, não tem presença garantida – a vaga estaria condicionada à quitação de uma dívida da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) com a Federação Internacional de Basquete (Fiba) relativa ao convite para o Mundial 2014.
Caso não tenha presença garantida nos Jogos, o Brasil precisa passar pelo Pré-Olímpico de Monterrey, com início previsto para 25 de agosto. Os dois primeiros colocados asseguram a classificação, enquanto os outros dois semifinalistas seguem para o Pré-Olímpico Mundial, já em 2016.
“Se a Seleção Brasileira tiver que passar pelo Pré-Olímpico, vai ser um risco. É uma competição muito difícil. Então, espero que a CBB pague a dívida com a Fiba para que não precisemos enfrentar essa briga”, declarou Oscar, presente em cinco edições dos Jogos.
Disputar o Pré-Olímpico sem os astros da NBA seria delicado, diz Oscar. “Na Copa América 2013 (desfalcado dos atletas da liga dos Estados Unidos), o Brasil perdeu até para a Jamaica. Pensei que eles só tinham corredores por lá, mas vi que também existe basquete”, sorriu.