“Obama perdeu prestígio. Era uma batalha em que não precisava se envolver, mas resolveu entrar e isso teve um custo”, definiu o analista político da rede de televisão “CBS”, Mike Flannery.
Os republicanos consideraram pouco prudente a viagem de Obama no último minuto a Copenhague, quando tinha assuntos pendentes no país como a crise econômica, a nova estratégia da guerra no Afeganistão e a legislação da reforma da saúde.
“O presidente Obama falhou em não trazer as Olimpíadas, enquanto isso o desemprego subiu 9,8%”, declarou na sexta-feira o republicano Newt Gingrich logo após saber o resultado, enfatizando que os Estados Unidos necessitam retomar a liderança.
Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, disse que o julgamento é natural e seria feito fizesse ou não Obama a viagem, mas agora as observações passaram da conveniência da viagem ao questionamento da capacidade política do presidente.
“Se Obama não pode convencer o COI (Comitê Olímpico Internacional) a trazer os Jogos Olímpicos, como vai pressionar os iranianos com o programa nuclear, assegurar o apoio dos aliados nas duas guerras ou reconstruir a imagem dos EUA no Oriente Médio?”, perguntou o canal “FOX-News”.
Crítico de Obama, o canal declarou que desde a posse em janeiro o presidente tem tomado medidas que dizem respeito mais à comunidade internacional, como o fechamento de Guantánamo, a luta contra a mudança climática e, inclusive, um discurso ao mundo muçulmano.
Para o canal conservador, após sofrer semelhante humilhação pública todas as ações demonstram que “Obama tem maior capacidade como orador do que para conquistar resultados, é mais uma celebridade do que um líder”.
Segundo Tucker Carlson, analista político do grupo, a derrota olímpica revela que “é absurda a ideia de que os países com os quais o presidente tem afeição mudarão suas posições em determinados assuntos”.
Para republicanos como Pete Hoekstra é chegada a hora de estabelecer prioridades. “O presidente não pode fazer de toda sua prioridade a número um, porque o resultado é que ele não terá nenhuma prioridade”, disse.
“Com a crise nuclear com os iranianos, a guerra do Afeganistão e o debate sobre a reforma da saúde, por que está o presidente tão preocupado em trazer os jogos olímpicos ao país?”, opinou o comentarista conservador Sean Hannity.
Enquanto os republicanos aumentam as críticas não está claro ainda como de fato a derrota vai atingir o presidente, já que o índice de popularidade dele aumentou, após os primeiros debates sobre a reforma da saúde.
“Não acho que a reputação internacional de Obama tenha sofrido um golpe importante, porque todos os dirigentes dos países finalistas – Estados Unidos, Espanha, Japão e Brasil – estavam em Copenhague”, diz a jornalista Lynn Sweet do “Chicago Sun-Times” em seu blog.
Em todo caso, Sweet vê que a marca Obama pode ter sido diminuída, mas considerou que o presidente utilizou a plataforma olímpica para reafirmar a doutrina de compromisso com o mundo “para dizer que os Estados Unidos querem um novo começo depois da era Bush”.