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O grande salto de Diego Hypólito

Arquivo Geral

16/11/2014 12h01

Os resultados ruins e a ausência de medalhas nas últimas duas  participações nos Jogos Olímpicos fizeram com que    o bicampeão mundial no solo, Diego Hypólito, mergulhasse em uma depressão. Há um mês, porém, tudo virou de ponta-cabeça. 

Reserva do jovem Caio Souza – considerado pela comissão técnica da seleção brasileira um atleta mais completo do que o veterano -,  Hypólito ressurgiu ao substituir o companheiro lesionado e liderar a seleção brasileira em sua melhor campanha da história em Mundiais de ginástica artística, em Nanning, na China. 

O desempenho mudou completamente o semblante do veterano. No lugar do ouro, o bronze conseguiu brilhar mais forte e, de volta ao pódio,  o feito foi tão comemorado quanto o primeiro lugar obtido pelo russo russo Denis Abliazin. 

Passado pouco mais de um mês da conquista memorável, Diego contou ao Jornal de Brasília o que mudou em sua vida nesse período. A agenda está mais lotada do que nunca desde que retornou ao Brasil, e, de acordo com ele, ser titular nas Olimpíadas de 2016 é seu próximo objetivo.

O que mudou em você  após a  conquista da medalha de bronze em Nanning, na China?

Tudo mudou (risos). Primeiro que a minha tranquilidade hoje nem se compara a que eu tinha antes. Cheguei de uma competição da Colômbia, por exemplo, e competi muito mais relaxado. Os meus resultados lá, por incrível que pareça, foram bem melhores do que  os da China – 15.700, cinco centésimos abaixo do primeiro colocado, Denis Abliazin – na final do Mundial. 

A imprensa, os fãs, a sua agenda… Voltaram a ser como antes?

A mídia voltou em peso. Me arrisco a dizer que está muito parecida com o ano de 2007. Minha agenda está lotada. Desde que voltei, não parei mais. Tentei até marcar um karaokê com os meus pais, mas nem isso eu consegui fazer. Desde então, estou participando de muitos eventos e os meus treinos eu não posso largar.

Conversou com a sua irmã desde que voltou ao Brasil? Como está a relação de vocês?

Só para você entender a minha situação: a  última vez que a vi foi na China! Nos próximos dias só a verei porque é ela quem vai vir me visitar. Caso contrário, não a veria tão cedo.

Depois dessa conquista, você já se considera um atleta titular da seleção Brasileira?

Ninguém é titular. Eu acho que, com a medalha de bronze, mostrei que ainda tenho condições de representar o meu País e, mais ainda, com chances de medalha. A decisão é deles (comissão), mas acho que tenho bem mais chances do que antes.

Após um período de pouco aproveitamento e de depressão, depois de duas participações ruins nas últimas Olimpíadas, a quem você atribui essa volta por cima?

Primeiro a Deus, porque se isso tudo aconteceu foi porque ele quis. Depois dele, atribuo ao time de São Bernardo. Eles me contrataram mesmo quando  não estava bem falado. Eles me garantiram apoio até as Olimpíadas e, se tudo der certo, pretendo continuar aqui e seguir carreira por mais seis anos.

Você disse que ninguém acreditava mais no seu potencial. Como conseguiu continuar na luta mesmo quando o favorecimento era pouco?

Poucas pessoas sabiam do que eu estava passando. Aí um inventa uma mentira que se espalha. Uma mentira contada por dez  pessoas vira verdade, mas eu não julgo ninguém. É algo normal. Depois que viram realmente o que aconteceu comigo, estou sendo tratado com mais carinho.

Quando conquistou a medalha, você disse que o bronze valia mais do que o ouro. Como explica essa colocação?

Imagina só a situação: eu tenho nove participações em mundiais, fui finalista em oito e conquistei cinco medalhas (dois ouros, uma prata e dois bronzes). Essa, em especial, tem mais valor porque eu era um super reserva da seleção e já não era mais tratado como alguém que tivesse chance de ir ao pódio. Consegui provar que ainda posso trazer resultados. Por isso, atribuo tanto valor a esse bronze, sem desmerecer os outros títulos que tenho, mas esse vai ficar para a história.

Diante das chances que você tem de ir a uma Olimpíadas em casa. O que será diferente das anteriores?

Antes de qualquer decisão estou com os pés no chão. Vou continuar treinando como sempre fiz. Não é porque consegui resultado  que vou ser invencível. Até lá, tenho mais dois anos. Se eu for garanto uma coisa: não vou dever vontade de conquistar.

Como é a estrutura que o São Bernardo te oferece e como andam os acertos financeiros sobre o seu contrato rescindido com o Flamengo?

Aqui é tudo de primeiro mundo. Não vou e nem posso desmerecer o meu antigo clube (Flamengo), que me acolheu desde criança, mas aqui as instalações são bem melhores. Sobre as finanças, quem está por dentro disso é a minha mãe, mas o acordo está caminhando.

A fênix da ginástica

Depois da queda, literal, em 2012, quando participava das eliminatórias da prova de solo nas Olimpíadas de Londres, Diego viu o sonho de conquistar uma medalha olímpica ir embora mais uma vez. 

Quatro anos de espera e um período de depressão tomaram conta dele. Sem força de vontade, a única alternativa que via era dormir à base de remédios. A situação fugiu do controle ao ponto de ele ser internado por duas semanas. Demitido do Flamengo  após a eliminação em 2012, ele chegou a treinar no Pinheiros (SP) por meses e viu os resultados caírem mais. Diante da vontade de voltar a ser quem era, trocou de técnico, foi contratado pelo São Bernardo e trouxe a medalha do Mundial.

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