O banner com a foto do dono da camisa 23 do UniCeub/Brasília nas últimas cinco temporadas já não estampa mais a parede do ginásio da Asceb. A causa, porém, é nobre: o poster será uma recordação para Nezinho, que, depois de tantas conquistas pelo time candango, defenderá, na temporada que vem, as cores do Limeira (SP), a exemplo do que aconteceu na primeira edição do Novo Basquete Brasil (NBB).
Em passagem por Brasília, onde acertou os últimos detalhes para a mudança definitiva para o interior de São Paulo, que ocorre hoje de manhã, Nezinho recebeu o JBr. e mostrou tristeza com o fim do ciclo. Ao mesmo tempo, ele demonstrou felicidade com tudo o que conquistou pelo basquete da cidade. Emotivo, o armador até chorou ao se lembrar da relação com a torcida, que sempre abraçou o time.
Foram cinco temporadas seguidas defendendo o UniCeub/Brasília. Qual a avaliação desse período em Brasília e qual o sentimento de deixar a cidade e ir para outra equipe?
A avaliação é a mais positiva possível. Nessas últimas cinco temporadas aqui em Brasília, não teve time mais vencedor do que a gente no Brasil. Os títulos trouxeram satisfação com a realização de um trabalho bem-feito. Esse é o sentimento que vai ficar. Sobre a mudança de equipe, posso dizer que é duro. Foram muitos anos em Brasília, a família se enturma. Cria-se um entrosamento, mas é algo normal na vida de um atleta. Chegou ao fim de um ciclo. Foi bom o tempo que estive aqui, adorei tudo.
O ginásio da Asceb é um lugar onde você tem muitas boas lembranças. Se pudesse escolher um jogo memorável aqui na Asceb, que jogo seria esse e por quê?
O jogo contra o Rio Claro, na minha primeira temporada aqui (2006/2007). O time estava muito motivado e empolgado com o fato de jogar aqui na cidade. Era a primeira vez que eu jogava fora do meu reduto, que é o interior de São Paulo, então estava conhecendo outras coisas. Estávamos em uma sequencia de 13 ou 14 jogos invictos e o jogo estava feio para nós, passamos o jogo inteiro atrás no placar e, faltando quatro segundos, consegui acertar a bola final que nos deu a vitória.
Você esteve presente em grande parte dos títulos do UniCeub/Brasília. De todos em que você ajudou a conquistar, qual te marcou mais?
O primeiro Nacional, na temporada 2006/2007. Ter chegado na cidade e estar “marcando o território”. Lá em Ribeirão Preto (SP), qualquer coisinha, uma dorzinha de barriga, o pessoal do time corria e resolvia para nós. Aqui era bem diferente, minha esposa ficava sozinha em casa, meus filhos também. Foi tudo diferente. Aquela temporada foi bem bacana. Lembro-me que uma hora e meia antes do início das partidas a Asceb já estava cheia e tinha torcedores do lado de fora. Também foi nessa temporada que batemos o recorde de público, em um jogo que não era nem playoffs, contra o Flamengo, no Nilson Nelson.
De certa forma, Brasília ficou órfã das referências do time. Na sua opinião, como fica a torcida sem essas referências que, durante muito tempo, foram o alento do fã de esporte em uma cidade onde o futebol não tem tanta tradição?
A torcida se acostumou a sempre ter os mesmos jogadores e isso cria um vínculo. Agora, vão ser outras figuras as protagonistas e a torcida precisa ter um pouco de paciência. Claro que Brasília sempre vai ter uma equipe vencedora. A paciência vai ser importante para quem chegar para não passar nervosismo para os jogadores que, querendo ou não, vão jogar com um pouco de pressão pelo costume dos torcedores com uma equipe vencedora.
Como você acha que vai ser a recepção da torcida com você na próxima vez em que você vier à Asceb?
Vai ser difícil esse jogo. Eu sou meio emotivo, gosto fácil das pessoas. Passei três dias na cidade e muita gente veio perguntar se eu ia embora mesmo… Vamos ver como vai ser.
E a recepção dos torcedores, como você acha que vai ser?
Foram cinco temporadas seguidas. Deu para criar um respeito e admiração pelo público. Acho que vai ser legal estar aqui jogando, vendo a galera nova que chegar. Da última vez que eu joguei em Limeira, a recepção já havia sido boa e acho que dessa vez não vai ser diferente.
Que recado você deixa para os torcedores do UniCeub/Brasília?
Sem dúvidas, o recado seria de agradecimento. É tanto carinho que eu não sei nem como falar. É impressionante porque todos os dias, na rua, o pessoal, de várias idades, para, conversa comigo, me pergunta o porquê de eu ir embora. Eu poderia usar várias outras palavras elogiosas, mas agradecimento é a melhor.