A oposto Elisângela é conhecida pela potência nos saques e ataques. Seria um sonho para o Brasília/Vôlei se ela pudesse repetir o feito incansavelmente durante todos os treinamentos visando melhorar a recepção das demais atletas. No ambiente humano é impossível acontecer, mas para isso existe o auxílio da máquina.
Os canhões são imponentes e dão um certo medo, não só pela altura, mas principalmente pela força que lançam a bola – a escala vai de um até dez, desde o saque flutuante até o viagem. O técnico Sérgio Negrão afirma que o número oito foi o máximo que já usou nos treinos.
“Elas usam aqueles protetores nos braços, mas mesmo assim é forte. Chega a ser a mesma potência de um saque viagem do vôlei masculino”, compara o comandante.
A estrutura não humana, porém, não é a única usada pelo time candango para melhorar a performance na Superliga. Os treinos também contam com uma biruta, semelhante ao instrumento usado para apontar a direção dos ventos e que se parece com uma cesta de basquete.
Basquete?
A biruta auxilia a precisão do levantamento do time possibilitando que as levantadoras façam uma “cesta” após receberem o passe.
“A gente usa nos meses que antecedem a Superliga para calibrar a mão das levantadoras na entrada e saída de rede, e também nas bolas de meio. Depois do início do campeonato, a biruta aparece poucas vezes nos treinos”, conta Sérgio.
O canhão, por sua vez, é presença constante nos treinos.
Bola velha é que faz recepção boa
A bola usada nos canhões deve ser velha e diferenciada das demais por causa da força e da pressão do canhão sobre elas. Todas são visivelmente desgastadas e perdem a utilidade com maior frequência. A comissão técnica do Brasília/Vôlei costuma pintar todas as bolas especiais com tinta branca ou as identificam com um marcador na cor vermelha. Além disso, são guardadas separadamente num depósito e só saem da sala dos equipamentos quando o canhão é usado nos treinos matutinos. Sérgio Negrão afirma que estas bolas já não servem mais para serem usadas nos treinos normais da equipe.
Saiba mais
O canhão usado nos treinos possui duas centrais de regulagem. Uma para estabelecer a força e a outra para o tipo de bola ejetada por ele. Próximo à rede podem atingir uma altura considerável para bolas rápidas.
O aparelho tem duas roldanas que giram no mesmo sentido pressionando a bola para frente. Sérgio é adepto deste equipamento há 10 anos e acrescenta que o mesmo não é muito barato: cerca de R$ 8 mil.
O aparelho foi usado pela última vez nos treinos que antecederam a derrota do time, por 3 x 1, contra Rexona/Rio de Janeiro, no final do mês passado.
Mais “esquisitice”
Além do canhão e da biruta, o Brasília/Vôlei incorpora outros elementos aos treinos: uma mini cama elástica e o bosu – uma semi-esfera de plástico inflável, parecido com uma bola cortada ao meio, com 63 centímetros de diâmetro, e pesa aproximadamente 8 kg.
O segundo objeto serve para auxiliar nos alongamentos musculares e estimula o equilíbrio. Todos os equipamentos tecnológicos visam melhorar o rendimento das atletas, sem que seja necessário um gasto maior físico ou financeiro por parte da comissão técnica.
O canhão, por exemplo, poupa os braços e os ombros da comissão. Isso, porém, só durante um turno, já que à tarde é a hora de eles colocarem a mão na massa.