Nelsinho Piquet chegou de última hora à Fórmula E e mal conhecia a equipe. Mas se adaptou rapidamente aos carros movidos a bateria. Foi confirmado na categoria a menos de um mês de seu início e nove provas depois chega à rodada final, em Londres, como líder do campeonato e favorito ao título.
A temporada da Fórmula E será encerrada neste fim de semana na capital inglesa com uma rodada dupla, a única do calendário. Nelsinho soma 128 pontos, 17 a mais do que o compatriota Lucas di Grassi, segundo colocado da tabela. Além deles, Sébastien Buemi, Nicolas Prost, Jérome D’Ambrosio e Sam Bird ainda têm chances de conquistar o título.
“Fui o último piloto confirmado no grid. Fiz metade da pré-temporada e entrei em uma equipe que era uma incógnita. No começo nem sabia se ficaria a temporada completa. Então ganhar o título dessa maneira, com carros rigorosamente iguais, seria muito importante”, explicou Nelsinho, piloto do Team China e com contrato renovado já para o próximo ano.
O principal adversário do filho de Nelson Piquet na briga pelo título será o compatriota e rival Lucas di Grassi. Os dois foram adversários na GP2 e estiveram juntos na equipe Renault de Fórmula 1 em 2008 – Nelsinho como titular e Di Grassi como reserva e piloto de testes.

Neste ano, voltaram a se encontrar na pista e envolveram-se em uma polêmica no Grande Prêmio de Mônaco. Nelsinho reclamou que o compatriota o bloqueou propositalmente durante o classificatório e posteriormente na corrida, o que Di Grassi nega.
“Diversos outros pilotos do grid cruzaram meu caminho ao longo da carreira. Estou competindo há 20 anos. Ele é mais um na pista”, afirmou Nelsinho, tentando minimizar a rivalidade que foi explorada pela própria categoria. Antes do GP de Berlim, seguinte ao de Monte Carlo, a Fórmula E divulgou um vídeo com os competidores se atacando ao falarem da disputa.
Di Grassi venceu a prova na Alemanha, mas acabou desclassificado por causa de uma peça irregular na asa dianteira. Com isso, Nelsinho pulou da quinta para a quarta colocação da corrida e tomou do rival e compatriota a liderança do Mundial.
A temporada 2015-2016 é a primeira da Fórmula E, categoria de carros elétricos chancelada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para desenvolver veículos com este tipo de propulsão. O próprio campeonato teve trajetória parecida com a do filho de Nelson Piquet.
Antes de começar, sofreu com indefinições. De calendário – o Rio de Janeiro esperava receber uma prova, mas acabou tendo o evento cancelado – e no desenvolvimento da tecnologia dos carros, iguais para todas as equipes. Quando começou, mostrou consistência nas disputas de pista, foi ganhando adeptos, patrocinadores e até novas corridas.
A etapa de Moscou, a nona do calendário e vencida por Nelsinho com Di Grassi na segunda posição, não estava na programação inicial da Fórmula E. Assim como a segunda corrida em Londres, cidade que deveria encerrar a temporada com apenas uma prova. O sucesso do campeonato, no entanto, adicionou eventos à disputa.
“Grande patrocinadores entraram ao longo do ano, Moscou não estava no calendário inicialmente e fez um esforço para entrar. Paris quer entrar na segunda temporada, várias montadoras vão se envolver mais daqui pra frente. São alguns elementos que indicam o sucesso”, analisou o piloto brasileiro.
A liderança do Mundial comprova que Nelsinho aprendeu a lidar com o carro elétrico da Fórmula E. “Nas duas primeiras vezes que sentei no carro estranhei, mas agora já estou totalmente habituado”, garantiu o brasileiro. Mas ele não deixou de lado disputas do automobilismo tradicional.
Ocupa a quarta colocação da temporada do Global Rallycross e também participou da rodada dupla de Toronto da Indy Lights, em que fez a pole position da primeira prova. A alternância entre categorias deve se repetir no próximo ano, mas as novidades propostas pela Fórmula E fazem Nelsinho colocar o campeonato como uma de suas prioridades.
“Inovação e sustentabilidade são temas do mundo moderno e isso tem um apelo enorme no esporte, além de abrir mercado para diversos patrocinadores que poderiam estar atentos a outras modalidades para investir”, explicou o brasileiro, defendendo o lado ecológico da nova categoria.
“Carros mais rápidos, custe o que custar, já não estão na pauta nem nas categorias de motor a combustão. A própria F1 está atenta a novas tecnologias e às demandas do mundo atual, tanto que usa mecanismos como Kers e o motor bem menor que no tempo do meu pai, por exemplo”, concluiu.