A presença feminina em grandes categorias do automobilismo mundial tem crescido – ainda que de forma tímida – nos últimos anos. Com a competência dentro das pistas comprovada, fatores como o preconceito e a falta de recursos atrapalham um salto ainda maior.
Débora Rodrigues, na Fórmula Truck, Susie Wolff, piloto de testes da Williams na Fórmula 1, e Bia Figueiredo, estreante da Stock Car nesta temporada são alguns nomes de destaque nas pistas.
Elas representam o pequeno número de mulheres num universo masculinizado. Quando aceleram, no entanto, provam que podem, sim, chegar ao lugar mais alto do pódio.
“Nós sempre estivemos no automobilismo. Infelizmente é pouco divulgado. O automobilismo é um esporte muito caro e isso impede a entrada de muita gente. Principalmente mulheres”, afirma Débora.
Quem repete o discurso é Adriana Serafim, uma das poucas a correr nos kartódromos da capital. “Não tem muita mulher competindo. É muito caro, gastamos em média R$ 15 mil reais para manter um kart”, explica.
PARA BIA, APOIO FACILITOU
Primeira piloto brasileira a correr na Fórmula Indy, em 2013, Bia Figueiredo diz que sua situação foi facilitada pelo apoio em casa.
“Sempre fui meio doidinha e tive uma família que pôde me ajudar. Depois vieram os parceiros e os resultados, então, tudo isso contribuiu para o sucesso de uma carreira na velocidade”, conta.
Trio incomoda os marmanjos
Caminhando pelos boxes do kartódromo Ferrari, no Autódromo Nelson Piquet, é quase impossível não notar a presença de três mulheres trajadas com seus macacões de corrida e caregando capacetes personalizados.
Bárbara Louly, 20, pratica o kart há nove anos e está sempre ao lado de Adriana e Mariana Serafim.
A pequena Mariana, 11, não se intimida com os valentões. Em dois anos de prática garantiu o recorde da pista – 39,9 segundos – para orgulho da mãe Adriana.
Elas são as únicas mulheres que usam o kart assiduamente e formam a equipe “Speed Girls”, nome escolhido por Mariana.
Juntas, disputam de igual para igual com os homens nos campeonatos internos do kartódromo. “Já tivemos mais mulheres por aqui, mas de uns tempos para cá o número diminuiu muito”, admite Adriana.
A paixão delas pela velocidade tem despertado a revolta masculina. Adriana conta que já passou por situações desagradáveis enquanto usufruia do lugar.
“Uma vez um piloto percebeu que era mulher e tinha passado dele. Depois, ele me procurou nos boxes para me bater.” Defendida pelos companheiros, ela diz que o pior não aconteceu.
Leia mais na edição digital. Acesse www.jornaldebrasilia.com.br/edicaodigital