No último dia 5 foi publicado no Diário Oficial o reposicionamento de R$ 20.479.297. Antes destinado a reforma do Autódromo Nelson Piquet, o montante passou para a pavimentação de vias públicas do DF. O Ministério Público, porém, irá requisitar aos órgãos responsáveis informações sobre a origem dessa verba e a forma como a qual será usada daqui para frente.
O valor milionário vem de um contrato assinado há cinco anos entre Novacap e Basevi Construções – empresa terceirizada responsável por asfaltar as vias do DF -, podendo ser renovado a cada ano – o que foi feito em 2014.
De acordo com pessoas ligadas ao autódromo, o novo destino do dinheiro pode ser, na verdade, uma manobra para concluir ao menos o asfalto do autódromo. Eles tomam como base a publicação oficial que credita o dinheiro para a “recuperação de rodovias”.
Representantes das federações de motociclismo e automobilismo reuniram-se ontem com dois, dos três promotores que assinaram a carta de recomendação para o cancelamento da F-Indy – em 29 de janeiro. O intuito do encontro foi esclarecer se, de fato, havia alguma possibilidade de continuar com a reforma.
“Eles nos disseram que não existe empecilho nenhum para continuar a obra”, comenta o presidente da Federação de Motociclismo, Carlos Senise.
O Ministério Público foi procurado pelo Jornal de Brasília e confirmou a realização desta reunião, sobretudo a continuidade da reforma. Por e-mail, o MPDFT explicou que “é possível fazer reformas no autódromo, desde que seja feito de maneira legal, regular e com dotação orçamentária.”
Visita imediata
Presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, o Conselheiro Renato Rainha, e o governador Rollemberg farão uma visita ao autódromo amanhã, às 9h. A intenção é verificar a regularidade e o andamento das obras realizadas com recursos públicos – neste momento as máquinas e os operários estão parados.
“Estamos apurando a forma como esses R$ 20 milhões serão gastos, mas a nossa principal medida é solucionar essa obra. Ela está parada, mas muito dinheiro público foi investido. Se não dermos prosseguimento, o investimento será perdido. É preciso adotar uma postura gerencial eficiente e que evite desperdício de recursos distritais”, ressalta Renato Rainha.
Obras já realizadas em xeque
Em novembro do ano passado, o Tribunal de Contas suspendeu a licitação da reforma do autódromo alegando irregularidades na plataforma e um sobrepreço de quase R$ 35 milhões – a reforma inicial estava orçada em R$ 251.894.634,70.
A Terracap se viu pressionada com a proximidade da Fórmula Indy – cancelada no último dia 29 – e decidiu iniciar a retirada do antigo asfalto com o maquinário da empresa Basevi Construções.
Renato Rainha, relator do processo de suspensão da licitação, afirma estar apurando o caso. “Ainda não sabemos até que ponto isso foi lícito ou não. Vamos analisar especificamente isso com mais calma depois, até porque tudo faz parte do processo”, explica Rainha.
A Basevi não só retirou o antigo asfalto, como reconstruiu boa parte dele. Além disso, aterrou novas áreas de escape do circuito e derrubou os antigos boxes localizados na maior reta do circuito. Os pneus velhos que circundavam a pista estão acumulados em um canteiro central.