No meio dos 1.300 atletas que aguardavam a 3ª etapa do Brasiliense de Motovelocidade acabar no Autódromo Nelson Piquet, um grupo de índios com a pele pintada chamava a atenção.
Durante a 1ª Corrida da Igualdade Racial, 11 indígenas seguiam o cacique Thafreskya pelo percurso. “Somos artesãos, viemos aqui nos representar e espero que não chova”, disse Aticarlos.
Não foi preciso nem fazer preces, já que o tempo favoreceu os atletas. Nublado e com poucos pingos de chuva, os que esqueceram o protetor solar comemoraram o clima fresco e fechado.
Entre os corredores o ambiente era de toral descontração. Tinha pai-atleta empurrando o carrinho de bebê, pessoas caracterizadas com o tema da corrida e muitos sorrisos.
O primeiro a cruzar a linha de chegada nos 5km, embora jovem, caracterizou bem o sentido da competição.
“Levei muito a sério essa corrida, principalmente porque as pessoas tentam nos diminuir. Elas pensam que somos menores por conta da nossa cor”, protesta Gabriel da Costa, de 15 anos.
Com a parceria firmada entre Secretaria de Esportes e Secretaria da Igualdade Racial, a escolha do Autódromo se deu por uma questão crucial: o trânsito. “A ideia inicial era ter feito ali no Eixo Monumental, como de costume, mas foi bom ser aqui porque não atrapalha ninguém nas vias públicas”, destaca o secretário Viridiano Custódio.
NO ANO QUE VEM…
De acordo com o secretário, desde a criação do Disque Racismo, há um ano, mais de dez mil ligações foram efetuadas e 130 denúncias de crimes raciais efetivadas. “Queremos promover a discussão sobre o tema e também colocar esta corrida no calendário dos eventos esportivos que ocorrem no Distrito Federal”. Com as eleições se aproximando, ele não garante a sua permanência na entidade. Diante desta situação, Viridiano espera que o próximo secretário prossiga com o trabalho.
Gratuita, a corrida teve o primeiro lote – de 1.000 inscritos – esgotado em poucas horas. As outras 300 também foram preenchidas rapidamente.
