Situado em local privilegiado, entre a EPTG e a Estrutural, o Jóquei Clube de Brasília deu fim às suas atividades há aproximadamente oito anos. O espaço, com cerca de 210 hectares, já atraiu um grande público e chegou a ter corridas em dias seguidos, mas hoje sofre com o abandono.
A pista de corrida está tomada pelo mato alto, entulhos estão espalhados e as arquibancadas e portas enferrujadas. Os planos para o local também não empolgam. É bem provável que a área, antes ocupada pelo esporte, seja parcelada para a construção da Vila Olímpica da Universíade de 2019, que será sediada em Brasília.
A Terracap afirma que ainda está em estudo a alteração de parcelamento da área, mas não há nenhum projeto para o retorno das antigas atividades esportivas.
Mesmo com esse panorama, cerca de 200 cavalos ainda são guardados no local. Além disso, cerca de 37 famílias de tratadores de cavalos que moravam e trabalhavam no jóquei desde que o local foi criado, permanecem no mesmo lugar até hoje.
É o caso de Alfredo Lopes, 63 anos, treinador de cavalos e presidente da associação dos moradores do Jóquei Clube de Brasília. Ele mora no local há mais de 40 anos com a família e presenciou o fim do clube. “Era muito movimentado, arrumado e funcionava muito bem. Já chegamos a ter corrida dois dias seguidos”, afirmou. “Acho que não devia ter acabado. Toda cidade tem um Jóquei. Por que Brasília também não pode ter um?”, indagou.
Entenda o caso
Turfe no Brasil
Atualmente, os jóqueis não são tão conhecidos como os estádios de futebol. Mesmo assim, o esporte ainda envolve grande quantidade de dinheiro, com grandes apostas em cada páreo.
Cada cavalo tem um valor, dependendo das suas colocações em corridas anteriores. Quanto mais ele ganhar, menos dinheiro dá ao apostador, e quanto mais azarão ele for, mais dinheiro ele rende ao vencedor da aposta. As chances de um azarão ganhar a corrida são mínimas. Os jóqueis profissionais, que montam os cavalos, nos páreos, ganham de acordo com a corrida que vencerem.
O esporte é caro porque é necessário um cavalo bom, normalmente de puro sangue, que necessita de manutenção e de um aras para treinar.
Infraestrutura parou no tempo
Quem já participou de competições, afirma que o Jóquei de Brasília tinha uma excelente estrutura física. No entanto, o local não se modernizou. “As dificuldades comerciais do Jóquei de Brasília eram comuns a todos os grandes jóqueis do País. Os do Rio e São Paulo, por exemplo, têm sua estrutura integrada à cidade, com academias, restaurantes, bares, local para caminhada, entre outros. Tudo sem perder a essência de Jóquei, com as corridas. E Brasília também tinha isso”, afirmou o vice-presidente do Núcleo de Cavalos Quarto de Milha de Brasília, Renato Salles.
Para quem gosta do esporte, o fim do Jóquei foi uma grande perda. “Nunca mais vamos conseguir um espaço semelhante àquele”, comentou Salles. “Hoje, poderia ser uma área com um espaço de convivência maravilhoso para quem mora nos arredores do local”, completou.
Para Iracema Moreira, filha de um ex-diretor de turfe do Jóquei de Brasília, o fim do Jóquei foi prejudicial a muitas pessoas. “O desemprego foi geral porque, para cada corrida, havia muitas pessoas envolvidas no trabalho. Atletas e treinadores passaram por muitas dificuldades e os proprietários dos animais deixaram de visitar o local”, disse. “Foi uma grande perda. Acho que em toda capital deveria ter um Jóquei. É um esporte muito bonito. E aqui em Brasília, o público sempre foi muito fiel”, ressaltou.
De acordo com Iracema, o clube acabou por conta das diretorias. “Ao longo dos anos, as diretorias foram dilapidando o patrimônio do jóquei. Até que, em 1998, foi movida uma ação de resolução de cancelamento de matrícula do jóquei e ele foi fechado”, esclareceu.