Rener Lopes
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Que o futebol americano no Brasil está em fase de crescimento, é público e notório. O que tem surpreendido é o fato de que os times da capital federal estão levando mais público aos estádios do que jogos do futebol convencional em duas divisões do campeonato brasileiro.
Um dos fatores para que o torcedor tenha comparecido aos jogos das duas equipes de Brasília que participam do Torneio Touchdown de futebol americano, o Brasília V8 e o Tubarões do Cerrado, é a desorganização que assola o futebol candango. “[A presença do público] em muito se deve a organização das partidas. O esporte vem crescendo de forma exponencial e o futebol não tá dando a credibilidade que ele merece. Já fui atleta e sei da atual situação do futebol. A desorganização respinga nos fãs”, explica o presidente do Tubarões do Cerrado, Bernardo Bessa.
Enquanto os borderôs divulgados no site da Confederação Brasileira de Futebol apontam que jogos da Série D do Campeonato Brasileiro realizados na capital federal tiveram a média de 468,8 torcedores/partida e da terceira divisão nacional, cerca de 925 pessoas pagaram os ingressos, os duelos que acontecem no estádio do CAVE tem levado cerca de 1,2 mil amantes do futebol americano.
“Eu acho que é por conta de investimento de imagem do time e de divulgação dos jogos. Nós gostamos de fazer de cada jogo um espetáculo. Que ele [torcedor] não vá para um jogo e sim para um evento. A gente sabe que as pessoas querem conhecer e se faz uma rede: quem foi, leva outra”, afirma a presidenta do Brasília V8, Bianca Alves.
Bernardo assimila que, mesmo com a desorganização, o futebol brasileiro continua em alta. No entanto, entende que falta maturidade dos dirigentes de resolver os problemas. “A falta de foco também é um dos motivos. Você vai nos bares e tem muita gente. Até peladas nas cidades tem mais gente, mas se não tem organização, não tem público”, ressalta.
O diretor do Torneio Touchdown de Futebol Americano, André José Adler, corrobora com a ideia de que a capital federal pode abrir os olhos para outros esportes. “Brasília tem olhos abertos para tendências e o desenvolvimento de esportes que estão chegando ao país. Acho que o campeonato brasiliense não está forte, mas a consciência de que, nas proximas olimpíadas o Brasil não dê um show de medalhas, o pessoal possa migrar para outros esportes”, analisa.
E a promessa é de que a média de público possa aumentar ainda mais. As duas equipes candangas, Tubarões do Crrado e Brasília V8, se enfrentam neste sábado (13), às 15h, no estádio do CAVE. Foram colocados a venda mais de 1,5 mil ingressos, ao custo de R$ 20 a inteira. Quem levar a carteirinha de estudante, for assistir o jogo com uma camisa do Brasília V8 (mandante da partida) ou entregar um produto de limpeza, paga meia entrada.
O jogo é decisivo para o Brasília V8, uma vez que o time vermelho é o quarto colocado da Conferência George Halas e, para se classificar, precisa estar entre os dois melhores terceiros colocados. O time tem duas vitórias e três derrotas e saldo negativo de 73 pontos. Já o Tubarões do Cerrado está bem mais tranquilo. É o segundo colocado da Conferência Walter Camp e está garantido nas quartas-de-final da competição. A equipe azul tem quatro vitórias e uma derrota e saldo positivo de 41 pontos.
No entanto, as duas equipes não pregam rivalidade em campo. “Não tratamos como uma rivalidade. Agora é um jogo como qualquer outro, onde o Tubarões vai em busca da vitória”, diz Bernardo Bessa. Já Bianca Alves diz que nenhuma das duas equipes sai com vantagem. “É uma situação nova, onde os dois times jogam o mesmo torneio, treinam perto um do outro e jogam no mesmo estádio. Não terá vantagem pra nenhum dos times”, ressalta.
Amor ao esporte
E o amor ao futebol americano sai das presidências e cai nos jogadores. O estudante de engenharia de energia Bruno Alvarez, de 22 anos, running-back do Tubarões do Cerrado, disse que a paixão começou quando viu seus colegas chegarem exaustos às aulas: “Eu comecei a jogar porque um grupo de amigos já praticava o esporte antes aqui na Esplanada. Ele chegavam sempre cansados na faculdade. E ai resolvi me interessar. Desde 2006 que eu comecei a treinar e estou até hoje jogando pelo Tubarões”, conta.
Já o estudante de engenharia mecânica Luiz Felipe Pereira, de 18 anos, wide-receiver do Brasília V8, começou a disputar partidas com a bola oval por indicação de um amigo. “Eu comecei por indicação de um amigo meu. Sempre assisti e gostei muito de futebol americano. Ele então me chamou, joguei bem no primeiro treino e eu fiquei. Estou no time há três anos”, diz.