Colchonetes. Era tudo o que os 70 alunos da ginástica acrobática de Brasília tinham até duas semanas atrás. Sem os equipamentos essenciais para a prática do esporte de alto rendimento, eles “tiravam leite de pedra” e, mesmo assim, conseguiam prêmios. Como isso era possível? “Autoconfiança e determinação”, destaca a professora Márcia Colognese.
Toda essa força de vontade, porém, nem sempre rendeu bons frutos. Com atletas de ponta, Márcia viu muitos se lesionarem e tentava como podia evitar que isso acontecesse. Colocar um colchão por cima do outro era a solução mais viável encontrada por ela.
Agora, esse sofrimento não faz parte mais da vida dos ginastas. Depois de dois anos improvisando nos treinos, o Ministério do Esporte doou todos os aparelhos necessários para o esporte. Tablado, argolas trave de equilíbrio, mesa, cavalo com alças, barra fixa, barras assimétricas e paralelas agora protagonizam o espaço dos jovens.
E os colchonetes? “Continuam nos auxiliando, mas deixaram de ser o centro das nossas atenções”, conclui Márcia. Um aparelho em questão, no entanto, ainda precisa chegar: o fosso – uma espécie de piscina de espuma usada para auxiliar nos saltos amortecendo quedas.
Viagens como prêmio
Moradora da Estrutural, a jovem Andressa Nogueira, de 17 anos, ostenta músculos e um corpo que muitas mulheres gostariam de ter. Aluna de Márcia Colognese há seis anos, foi na ginástica acrobática que a estudante viu oportunidades únicas surgirem.
Uma delas foi a chance única de vestir a camisa da seleção e viajar bastante para a disputa de mundiais da modalidade – o último foi em julho, na França. Infelizmente, nem ela e nem o grupo de 45 atletas – 32 de Brasília – conseguiram trazer medalhas, mas ela carrega a experiência de quem tem um medalhão de ouro.
“Foi incrível. Não ganhamos, mas o que eu vi os outros fazendo de melhor, coloco aqui nos meus treinos”, admite a estudante.
Para preparar-se, ela e o grupo tiveram que treinar nos colchonetes do centro e usar emprestados os aparelhos de outros lugares. De acordo com Márcia, às vezes era necessário alternar e dividi-los em grupos: um treinava nos colchões e outros no chão. “Era o que dava pra fazer. Mas hoje não mais precisamos disso”, comemora.
Saiba mais
Em julho, as atletas aproveitaram a disputa da Copa do Mundo no Brasil para conseguir patrocínios e viajar para o Mundial de Ginástica Acrobática, na França.
Na ocasião, a Secretaria de Esportes custeou toda a viagem dos 32 atletas – de aproximadamente R$ 200 mil reais.
Atualmente o centro faz um movimento semelhante para levar outro grupo para a Finlândia, na Gymnaestrada. O custo da viagem sai a R$ 5 mil para cada atleta. Até cofrinho para juntar dinheiro é usado por eles.
Qualidade vem da Alemanha
A chegada dos aparelhos, há duas semanas, foi comemorada mais do que o normal. Além de ver um sonho se cumprir, a técnica Márcia Colognese diz que isso significa muito mais do que qualquer um pode imaginar.
“São os aparelhos oficiais fabricados na Alemanha. Nas Olimpíadas, por exemplo, você pode observar que os aparelhos usados são iguais a estes. Agora os meus alunos podem desfrutar do bom e do melhor”, exalta.
Foco no ano que vem
Com tudo no lugar, o próximo passo dos atletas é em 2015, na Gymnaestrada – o maior evento de ginástica não competitiva do mundo -, em julho, na Finlândia.
Só de Brasília vão 25 atletas, sendo 20 meninas e cinco meninos