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Ex-número 1 do Brasil, Mineirinho quer superar Medina em Mundial

Arquivo Geral

27/02/2015 10h18

Adriano de Souza, o Mineirinho, nasceu na verdade no litoral sul de São Paulo, na cidade do Guarujá. Surfista número 1 do Brasil antes de Gabriel Medina surpreender a todos com o título mundial do ano passado, ele agora quer recuperar o antigo posto e conquistar, aos 28 anos, seu primeiro troféu de campeão do mundo.

Foram necessárias quatro edições do Mundial, desde que Medina entrou para a elite do esporte, para Mineirinho terminar o torneio atrás de um compatriota. Em 2011, Adriano terminou a competição com o quinto lugar, cinco posições acima de Alejo Muniz e sete de Gabriel. No ano seguinte, uma nova quinta colocação, dois passos à frente do atual campeão do mundo.

Depois, o guarujaense terminou apenas na 13ª posição, um lugar acima de Medina, mas mesmo assim foi o melhor brasileiro do Mundial de 2013. Ano passado, a reviravolta foi completa para Medina. Foi também em 2014 que Mineirinho sofreu uma séria lesão no joelho direito – ruptura no ligamento colateral medial – durante a penúltima etapa do Circuito, em Portugal, fazendo com que se ausentasse das ondas tubulares de Pipeline, no Havaí.

Em entrevista à Gazeta Esportiva, Mineirinho comentou sobre sua recuperação e o forte ritmo de treinos neste início de ano, pensando já na primeira etapa do Mundial, em Gold Coast, na Austrália, disputada a partir deste sábado, dia 28 de fevereiro. A sua bateria da rodada inicial será contra o também brasileiro Filipe Toledo, campeão do WQS do ano passado, e o havaiano Dusty Payne.

Assim como sugere o apelido, Mineirinho quer avançar pelas beiradas, “terminar à frente de Medina” e faturar o segundo título para o Brasil em 2015. Entre outros assuntos, o surfista contou o que espera do surfe brasileiro após o “boom”, apontou os favoritos para o Mundial deste ano e falou sobre a relação entre o “Brazilian Storm” (tempestade brasileira) – como é chamado o conjunto de surfistas brasileiros no Circuito – e os norte-americanos e havaianos.

Gazeta Esportiva.net: O ano de 2014 foi o único em que o Medina terminou o Mundial na sua frente. A vontade de vencê-lo aumenta agora? Como é a relação entre vocês?

Adriano de Souza: Nossa relação sempre foi boa. Espero que neste ano consiga terminar à frente dele, comigo em primeiro.

GE.net: Você machucou o joelho direito na etapa de Portugal, em outubro, e perdeu o Pipe Masters em dezembro do ano passado. Como você está fisicamente neste momento?

Mineirinho: Graças a Deus estou muito bem, me recuperei direitinho, iniciei a parte de fisioterapia e condicionamento físico e finalmente pude ir para a água em janeiro. Estou treinando todos os dias no Brasil, depois no Havaí por duas semanas e agora na Austrália.

GE.net: O título do Gabriel aumenta ainda mais sua motivação para conquistar o seu primeiro Mundial?

Mineirinho: Não aumentou, mas deixou mais claro ainda que é possível ser campeão mundial. Minha motivação é a mesma desde que estreei no circuito. Entro na água para ganhar e ainda quero ser campeão do Mundo pelo Brasil.

GE.net: Quais são as expectativas para a bateria contra o Filipe Toledo e o Dusty Payne em Gold Coast?

Mineirinho: Uma expectativa boa e com certeza a bateria tem tudo para ser uma das melhores da primeira fase, porque são atletas de alto nível, em ótima fase. Bom começar o ano com desafios.

GE.net: Quais os favoritos em 2015 em sua opinião?

Mineirinho: Eu acho que temos os favoritos de sempre, que são os campeões mundiais e sempre se espera muito deles, como o Mick Fanning, Joel Parkinson, Kelly Slater e agora o Medina, mas todos os outros que estarão competindo têm chances de ser campeão do mundo. Tem muita gente boa e é difícil dar somente dois ou três nomes.

GE.net: Você já notou alguma mudança no surfe brasileiro após o título do Medina?

Mineirinho: Claro, houve um “boom” em torno disso, mas isso é passageiro por causa do título e da atenção das pessoas que não são tão ligadas ao esporte. Quanto mais resultados positivos, maiores serão os investimentos e mais atenção nós teremos. É só a gente continuar trabalhando forte.

GE.net: Os norte-americanos e os australianos são a maioria no Circuito. Como é a relação entre eles e os brasileiros? Há preconceito?

Mineirinho: Se formos olhar os classificados para o ano de 2015 e seguirmos o raciocínio dos próprios havaianos e americanos, que não se consideram do mesmo país, o número de brasileiros no circuito somente perde para a Austrália. Acho que o preconceito houve no passado e hoje a relação é de respeito. Eles estão acompanhando o crescimento dos brasileiros, que começaram a surfar e treinar mais fora do país, conhecem mais os mais variados tipos de ondas do circuito e estão imprimindo mais um estilo próprio.

GE.net: Após o título do Medina, você acha que vai ser mais difícil para um brasileiro ser campeão mundial em 2015?

Mineirinho: A dificuldade será igual para todos, independente de quem foi o campeão no ano passado. Se continuarmos na mesma evolução e mantendo o mesmo bom trabalho dos últimos anos, não acho difícil um segundo título.

GE.net: O Peterson Rosa continua como seu treinador? Vocês estão focando em algum tipo de treino mais específico após a lesão? Algo de novo ou normal?

Mineirinho: O Peterson é muito bom e infelizmente tivemos uma incompatibilidade de calendário. Estou com treinadores pontuais em cada perna que irei viajar e os treinos no começo, depois de ter sido liberado pelos médicos com certeza foram de reforço e agilidade, porem agora tudo normal. Os treinos tem que ser fortes para recuperar o tempo perdido.

Você sabia que…

O apelido de Adriano foi criado por causa de seu único irmão, o militar Ângelo de Souza, doze anos mais velho. Visto pelos amigos como uma pessoa de poucas palavras, ele era chamado de mineiro, enquanto o caçula surfista, de mineirinho.

Foi também através de Ângelo que Mineirinho se apegou ao surfe. “Via meu irmão mais velho surfar e ficava querendo pegar a prancha dele”.

Adriano de Souza foi o primeiro brasileiro a alcançar o número 1 do ranking mundial. Isso aconteceu em 2011, quando foi campeão da etapa do Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca.

Ele também pode ser considerado um pesadelo e maior algoz do undecacampeão Kelly Slater. Em 15 baterias disputadas entre os dois, 11 terminaram com a vitória do brasileiro.

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