Menu
Mais Esportes

Equipe de esporte alternativo mostra talento e habilidade nas ruas

Arquivo Geral

12/03/2014 9h29

É impossível passar nas imediações da Rodoviária do Plano Piloto, principalmente em um fim de semana, e não ter a atenção tomada pelos Gigantes de Rua. Uniformizadas com roupas personalizadas e chamativas, a equipe de basquete alternativo de Ceilândia aproveita os segundos do semáforo vermelho para cativar os motoristas mostrando talento e habilidade. 

Enquanto um faz malabarismos com a bola laranja, outro improvisa rodá-la na ponta do dedo. Atrás dos dois, o restante da equipe apresenta passos de hip-hop usando a redonda como simples adereço. “Não dá para jogar sem apreciar o hip-hop. Está no sangue”, destaca o estudante Eduardo Wellington.

Embora não participem de nenhum campeonato atualmente por falta de verba, os 10 integrantes do Gigantes – sete homens e três mulheres – vivem de divulgar o trabalho em escolas, eventos e até nos intervalos dos jogos do UniCeub/Brasília – além, claro, dos passos em frente ao “Buraco do Tatu”, próximo à Rodoviária. 

Max Maciel, ajudante do projeto, afirma que um torneio foi concretizado no passado. Neste ano, porém, não foi possível organizar. Ele afirma que tudo segue nos planos para a retomada no ano que vem, quando almeja ter dinheiro suficiente para tal.

“Organizamos um dos maiores campeonatos de basquete de rua e eles sabem que fizeram parte da história. Este ano estamos parados, mas isso é só uma pausa para retomá-lo em 2015”, projeta Max.

 

                               

 

Com faixa etária entre 16 e 20 anos, os integrantes do Gigantes de Rua não têm grandes ambições em termos de competições. O objetivo único é tirar adolescentes das drogas e apresentar a modalidade como mudança de vida. 

No semáforo da Rodoviária e nos eventos em que se apresentam, eles buscam patrocínio para investir em materiais de uso próprio e melhorar o ambiente público da quadra de que desfrutam em Ceilândia. “Queremos divulgar o nosso trabalho e, principalmente, ajudar famílias carentes da comunidade”, sustenta Eduardo.

 

Grupo tem regras básicas

Mesmo liderado por jovens, o Gigantes de Rua mantém um rigoroso regulamento interno. Uma das exigências mais lembradas entre os integrantes são as punições dadas a quem não se comporta de maneira adequada.

Para se apresentar em eventos, por exemplo, todos devem ter notas azuis na escola e mostrar boa conduta familiar. Quem encabeça toda esta disciplina e educação é o mentor Márcio José – que não esteve presente na entrevista, mas foi lembrado por todos de maneira “carinhosa”. 

“É ruim treinar e não apresentar. Ele (Márcio) pega pesado mesmo”, brinca Elvis Leandro. Ele é um dos que mudaram de vida após o contato com o basquete de rua.

“Aos nove anos eu já tinha contato com drogas e, mais velho um pouco, já trocava tiros com PMs. Hoje, sou outra pessoa graças ao basquete”, lembra Elvis. “Quem mais agradece a Deus é a minha mãe”, brinca o estudante.

Além de se apaixonar pela modalidade alternativa, ele ainda conseguiu trazer as duas irmãs, Kelli Lorrana e Ellen Luana, para o mundo do esporte.

 

Gigantes delicadas

Bola rodando no limite do dedo indicador e muita habilidade, principalmente, nos dribles da modalidade. Kelli, Ellen e Gabriela de Jesus mostram que ser mulher em um “mundo masculino” não é motivo para vergonha. Prova disso são as meninas que aparecem nos treinos. A “culpa” para isso pertence às únicas três integrantes do Gigantes.

“Tem dia aqui que tem mais mulher do que homem. Elas gostam de jogar e isso é muito bom para nós”, comemora Eduardo.

Quase que em conjunto, elas destacaram o fim do sedentarismo após os treinos seguidos na praça dos amigos, em Ceilândia.

“Eu era muito sedentária e tinha sopro no coração. Depois que comecei a praticar, não sinto mais incômodo nenhum”, assegura a estudante Kelli, que pretende cursar Direito.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado