Medalhista de bronze no individual geral do Mundial de ginástica artística em Stuttgart, a carioca Jade Barbosa admitiu ter ficado surpresa com o resultado. Aos 16 anos, ela participava pela primeira vez da competição e terminou atrás apenas da norte-americana Shawn Johnson e da romena Steliana Nistor.
“Eu não acreditava”, confessou a ginasta ao desembarcar em Guarulhos (SP), nesta terça-feira, antes de a seleção seguir para Curitiba (PR) para retomar os treinos. “Treinei muito e a Irina (Ilyaschenko, auxiliar técnica da equipe) conversou bastante comigo, só que eu nunca acreditei”, disse, interrompendo a lembrança chorando. “Pelo que dá para ver, estou muito feliz”.
Jade demorou a entender o que estava acontecendo após o último dia de competição na Alemanha. “Na hora nem chorei, tão sem reação eu fiquei. Nem acreditei, a Daiane (dos Santos) foi quem me disse. Fiquei boba, assim”.
Na final individual, a brasileira finalizou a primeira rotação liderando a pontuação entre as 24 competidoras e manteve a posição até o penúltimo aparelho (salto, barras assimétricas e trave), mas colocou a mão no chão no solo. A falha equivale a uma queda pelos critérios de arbitragem e custaram pontos importantes no resultado da ginasta, que foi acompanhada por Daiane e Irina na final.
Fora da disputa por medalhas, a ginasta gaúcha teve papel importante na apresentação da amiga. “Não tinha muito o que passar. A única coisa que tinha para falar era: faz o que você treina, não tem o que mudar”. A contribuição pode ter sido modesta, mas fez diferença, assegura Jade. “Isso foi muito importante, é uma palavra, mas para mim faz bastante diferença”.
Responsável pelo melhor desempenho da equipe feminina no torneio, a carioca confessa que a primeira fase de disputas, quando as outras ginastas da seleção também estavam participando, foi mais fácil. “Você compete por equipe e as outras estão lá, mas na final as outras sete (finalistas) são muito fortes e qualquer falha pesa realmente”.
Apontada como promessa da nova geração brasileira, Jade reluta em assumir o papel de destaque. “Não só eu estou melhorando, tem as meninas mais novas e esta é uma equipe como todo. Não posso falar isso”.
Em Stuttgart, Jade foi a única representante nacional feminina classificada para finais. Além da individual geral, ela disputou medalhas no salto e na trave. Campeã pan-americana no salto, ela terminou em quinto no Mundial. Na trave, foi a sétima colocada.
Seu desempenho na etapa de competição por equipes foi fundamental para que o Brasil garantisse a quinta colocação geral – melhor desempenho da história do país no torneio -, garantindo equipe completa nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008. “Estou muito feliz por toda a equipe porque conseguimos a vaga”, completa, confiando na experiência para errar cada vez menos. “Os erros que tive acontecem com todo mundo. Isto eu vou consertar com mais treino, mais competição”.