A competição que, em simples abertura promocional, levou uma multidão às ruas de Buenos Aires para saudar pilotos como ídolos espera ansiosamente para chegar ao Brasil. Os organizadores do Rali Dakar desafiam a tradicional impopularidade da modalidade no País e acreditam que podem encaixá-lo em seu trajeto a partir de 2017.
“A ASO (organizadora do rali) já vem com essa ideia há algum tempo e estão tentando. A Copa do Mundo de 2014 e as Olímpiadas no ano que vem, talvez, tenham dificultado um pouco a entrada do Dakar no Brasil. Mas, com certeza, o Dakar vai permanecer na América do Sul ainda por muitos anos e, em um futuro próximo, deve estar passando pelo Brasil também”, apostou Jean Azevedo, piloto da Honda South America e em sua 17ª participação na competição.
Uma das cidades brasileiras mais cobiçadas pelo Dakar é Foz do Iguaçu, bastante procurada por turistas e que não é tão distante da rota atual do rali, que começa e termina na Argentina, passando por Chile e Bolívia. Por isso, municípios paranaenses, gaúchos e catarinenses estão entre os outros cotados.
A possibilidade de correr no País anima também os estrangeiros. “Quanto mais países, melhor. São lugares e climas diferentes. Vamos ver se algum dia o Dakar vai ao Brasil”, disse a piloto espanhola Laia Sanz, da Honda, e que sabe da competição mais famosa do País na modalidade: o Rali dos Sertões. “Ouço muito falar, mas nunca pude ir”, lamentou.
Por enquanto, a maior dificuldade da entrada do Rali Dakar no Brasil é a popularidade. “O argentino tem uma cultura mais para o esporte a motor. No Brasil, não temos muito. Na Argentina, a mídia dá muito mais espaço para o esporte a motor do que no Brasil, e, com isso, o povo argentino é muito mais fanático, acompanha muito mais”, comparou Jean Azevedo.
O prejuízo da falta de apoio fica claro na baixa participação de brasileiros na edição de 2015 da competição, que já está há seis anos na América do Sul. Entre os 406 veículos participantes, além de Jean Azevedo, o País está representado pelo piloto Guilherme Spinelli e pelo navegador Youssef Haddad, da equipe Mitsubishi Petrobras, por Eduardo Sachs, navegador do português Ricardo Leal na BAMP, e por André Suguita, que guia quadriciclos da Can-AM. Número baixo para uma nação vizinha.
“O Dakar é uma prova muito cara. Ela saiu da África para a América do Sul, mas continua muito cara. No Brasil, a mídia dá muito pouco espaço para esse tipo de esporte e, consequentemente, há pouco investimento. Aí, fica difícil. Não é fácil conseguir patrocínio no Brasil para esporte a motor”, analisou Jean Azevedo.
Mas o piloto abre um largo sorriso só de imaginar a presença do rali mais famoso do mundo em sua terra. “Estando no Brasil, já é muito legal. Comecei a correr na África. Para mim, não existia essa ideia. O Dakar na América do Sul já era impossível. E agora, se puder passar pelo Brasil… É um sonho, né?”