Insatisfeita com a vitória de Dilma Rousseff (PT) sobre Aécio Neves (PSDB) nas últimas eleições presidenciais, Sheilla citou Cuba para criticar o resultado do pleito. Kenia Carcaces, nascida na ilha caribenha e contratada recentemente pelo Molico/Nestlé, ex-time da brasileira, evita entrar em polêmica ao falar sobre o assunto.
Sheilla, atualmente no turco Vakifbank, acompanhou atentamente o pleito brasileiro. Pelo Twitter, após o anúncio da reeleição de Dilma, sucessora de Lula, a jogadora manifestou seu descontentamento. “Agora que não volto pro Brasil mesmo! #vaiserigualacuba”, escreveu.
Em Cuba, país com regime comunista, o poder é exercido pelos irmãos Castro desde a Revolução de 1959 – o atual presidente é Raul, irmão de Fidel. Questionada pela Gazeta Esportiva, Kenia Carcaces aceitou as críticas de Sheilla e se disse desinteressada por política.
“Penso que cada um tem o seu ponto de vista. Isso é normal. É uma democracia e cada um pode dizer o que quer. Se você me falar sobre política de Cuba, não sei nada. Se você me falar sobre política do Brasil, também não. Sobre a política da Rússia, tampouco. Procuro me focar nas minhas coisas”, declarou a atleta de 28 anos.
No auge do governo revolucionário, Cuba chegou a rivalizar com as principais potências nos Jogos Olímpicos. No entanto, a delicada situação econômica da ilha, que perdeu o apoio da União Soviética em 1991, tem sérios reflexos no esporte.
Um dos símbolos do sucesso cubano, o time de vôlei feminino, carrasco das brasileiras nos anos 1990, conquistou o tricampeonato olímpico em Barcelona 1992, Atlanta 1996 e Sydney 2000, além do bi mundial em São Paulo 1994 e Osaka 1998. Diante da atual crise, nem sequer conseguiu vaga para os Jogos de Londres 2012.
O êxodo de alguns de seus principais atletas é um dos principais problemas enfrentados pelo esporte cubano. Kenia Carcaces, por exemplo, defendeu a seleção que terminou os Jogos de Pequim 2008 na quarta colocação, mas decidiu deixar a ilha para atuar no suíço Volero Zurich – para sair do país legalmente, precisou passar dois anos inativa.
“Tive um pouco de dificuldade na recuperação da forma física. Para uma jogadora, ficar tanto tempo parada é meio difícil. A Suíça foi como uma escola para que eu pudesse reiniciar a minha carreira”, contou Carcaces, admiradora de Mireya Luis, histórica carrasca do Brasil.
Enquanto o vôlei feminino cubano está enfraquecido, a modalidade faz sucesso no Brasil. Com a presença de Sheilla, a Seleção conquistou o ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 e Londres 2012 – em 2014, ganhou o Grand Prix e ficou com o bronze no Mundial.
“Quando recebi a proposta para jogar no Brasil, não hesitei. No começo, não conseguia nem acreditar. É o país com o vôlei de mais alto nível do mundo. Para mim é um orgulho jogar com Thaísa, Adenízia, Camila Brait e Mari. Acredito que posso crescer bastante como atleta. Fui muito bem acolhida e me sinto feliz”, disse.
A Superliga, principal campeonato nacional, começa na noite desta sexta-feira com o confronto entre Rexona-Ades, atual campeão, e Rio do Sul/Equibrasil. Um dos candidatos ao título, o Osasco, comandado por Luizomar de Moura, estreia na próxima terça, contra o Maranhão/Cemar.
CUBA SEGUE À FRENTE DO BRASIL
Apesar da delicada situação financeira dos últimos anos, Cuba, com apenas 11 milhões de habitantes, permanece nas principais competições esportivas à frente do Brasil, sede da próxima edição das Olimpíadas.
Nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara 2011, superada apenas pelos Estados Unidos, Cuba terminou no segundo posto do quadro de medalhas (58 ouros, 35 pratas e 43 bronzes). O Brasil foi o terceiro colocado (48-35-58).
Nas Olimpíadas de Londres 2012, Cuba acabou na 16ª colocação (5-3-7) e o Brasil ficou no 22º posto (3-5-9). No Rio de Janeiro 2016, o país-sede espera terminar entre os 10 melhores no quesito número de medalhas.