A 87ª Corrida Internacional de São Silvestre é vista por alguns corredores como, também, uma forma de realizar protestos. Preparando-se para a largada do evento, os participantes não deixaram de lembrar os problemas ligados à corrupção no Brasil e destacar a reprovação sobre o assunto.
Vindo de Viçosa (MG), João da Motta, de 74 anos, participa há 39 anos da São Silvestre e correrá vestido como Imperador. Incomodado com a corrupção no país, o corredor utiliza a fantasia desde o plebiscito de 1993, em que se o Brasil votou se deveria ser comandado por um regime republicano – vencedor na disputa -, ou monarquista, controlado por um sistema presidencialista e parlamentarista.
“Eu desde essa época me visto assim. Faço isso para realizar uma propaganda em favor da Monarquia”, disse João da Motta, que aposta neste regime para encerrar os problemas governamentais do país. Para conseguir fazer seu pedido, o participante costuma, inclusive, passar a virada de ano na estrada, retornando para sua casa em Minas Gerais.
Em um ano marcado por protestos no mundo todo, como nos Estados Unidos, em que parte da população atacou o capitalismo e a desigualdade no país, além da onda de manifestações na Espanha, motivadas pela crise econômica vivida na Europa, Sarli Júnior apareceu na avenida Paulista vestido com cédulas de Real presas ao seu corpo, assim como uma placa “FaXina contra a corrupção” e uma vassoura.
Há 27 anos disputando a prova e morador de Paulínia (SP), o corredor escolhe um tema importante no ano para montar sua fantasia. “Sempre vemos uma notícia que tomou destaque e escolhemos ela para usar como fantasia na corrida. Há 27 anos, corro fantasiado e escolhemos a faxina contra a corrupção porque é um tema recorrente e de destaque aqui”, disse.
Nelson Salazar Diego, de 64 anos, estava vestido como a presidente Dilma Rouseff de faxineira. De acordo com o consultor aposentado, esta é uma forma de pedir para a mandatária do país que “limpe a sujeira” na política brasileira.