No Pan-americano do ano que vem, no entanto, a Star não consta do programa e Bruno Fontes terá que brigar pela classificação com Robert Scheidt. A seletiva ocorrerá em fevereiro de 2007, no Rio de Janeiro. Antes, os dois travarão um duelo até domingo no Pré-Pan. "Uma hora posso vencê-lo, ainda mais porque ele está com o foco virado também para a classe Star", afirmou o catarinense.
Bruno Fontes garante conviver bem com o fato de ter tido que enfrentar Robert Scheidt por diversas vezes nos últimos anos. O velejador não poupa elogios a seu rival e o coloca em uma lista dos maiores esportistas de todos os tempos. "Já velejo com o Scheidt há quase dez anos e levo isso mais pelo lado positivo, pois ele é um cara único. É como ter a oportunidade de competir com o Lance Armstrong (ciclista sete vezes campeão da Volta da França) ou com o Schumacher (heptacampeão mundial de Fórmula 1)", diz, reconhecendo também um lado negativo na história: "É claro que tem uma parte ruim de ficar na sombra dele e não ter o seu valor reconhecido como poderia ser."
Após os Jogos Pan-americanos, Bruno Fontes sabe que provavelmente a pressão cairá sobre ele para que mantenha os bons resultados que o Brasil tem conquistado na classe Laser, através de Scheidt. O catarinense, porém, diz não se importar com o aumento da responsabilidade. "Isso não me incomoda. A mídia cria essa atmosfera e se você se deixar se envolver pode acabar se prejudicando. Tenho uma vontade enorme de ser um grande velejador e se os resultados vierem será consequência. Hoje consigo viver disso e é um estilo de vida que gosto muito", comentou.
Dentro da satisfação pelo modo como vem levando sua vida, Bruno Fontes não esconde estar muito satisfeito com os resultados que tem alcançado em 2006. Apesar de ter terminado o Mundial como o melhor brasileiro, o velejador acredita que poderia ter indo mais longe na competição e culpa o cancelamento de algumas regatas. "Tive um ano muito bom, pois fui campeão brasileiro, vice sul-americano e acho que até poderia ir melhor no Mundial. Só tivemos sete das quinze regatas por excesso de vento e eu estava muito rápido. Foi uma pena não termos tido todas as regatas, pois acho que poderia ter conseguido uma melhor classificação", disse Bruno, que chegou a enfrentar um furacão durante o Mundial.
Enquanto Bruno Fontes comemora seu desempenho na temporada, o presidente da Federação Brasileira de Vela e Motor, Walcles Osório, não esconde que preferia ver Robert Scheidt por mais anos na Laser. Na classe Star, ele disputará com Torben Grael – outro medalhista olímpico – um vaga nos Jogos de Pequim. "Para Federação em si é ruim esta mudança, pois é como se jogássemos duas fichas no mesmo número. Mas no aspecto técnico ele tem que ir para um barco que dê mais dinheiro, mais condições dele evoluir. Não se pode criticar o Scheidt, ele está certo em querer mudar", ressaltou Walcles, que elogiou Bruno Fontes: "O Bruno tem um grande potencial e que pode ser explorado, mas não é nenhum talento especial como o Robert Scheidt, que é um fenômeno", completou.
Estímulo
Durante entrevista nesta quarta-feira, enquanto se preparava para a disputa do Pré-Pan, o velejador Robert Scheidt se mostrou contrariado com uma possível satisfação de seus concorrentes de classe Laser, com a provável mudança para a Star. "Isso é uma bobagem. Minha presença deveria servir de estímulo e não de ameaça para ninguém. Quando eu comecei me diziam que nunca chegaria ao nível do melhor. Isso me estimulava a treinar ainda mais", comentou.