Nascido em 2002 na capital, o Circuito Caixa de Maratoninha contou com 1.357 atletas no Parque Ana Lídia para a sua 14ª edição. A prova, de caráter social, reuniu centenas de famílias que enfrentaram o céu nublado com disposição.
Ânimo que fez Josué Barbosa, de 8 anos, vencer a primeira disputa do dia. Com os pés descalços, ele ganhou em sua categoria com sobras para os demais concorrentes. Inspirado no super-herói The Flash, da Liga da Justiça, o menino justifica a escolha. “Corro descalço para ficar mais rápido. Acho que ganhei por isso”, acredita.
Josué orgulha os pais Flávio e Betiane e seu treinador e ex-atleta Gesifran Martins. “Ele é um atleta assíduo, participativo. Será um velocista”, indica Gesifran, que trabalha com crianças há dez anos em projetos sociais. Por oito anos e meio custeou o projeto do próprio bolso. Hoje, conta com ajuda da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) no Projeto Tornado.
Graças ao projeto, Flávio conseguiu motivar o filho a praticar esporte, o que não ocorria quando moravam no Piauí. Ao chegar a Brasília em 2013, o auxiliar de açougue teve a ideia de gastar a energia do filho com uma boa causa. “Era o mais acessível para nós, no Piauí não tínhamos isso. Faço de tudo para incentivá-lo. É o que eu não tive na infância”, lembra Flávio Dias.
Josué e outras 24 crianças treinam com Gesifran em um campo de terra batida em Brazlândia. Ao todo, o projeto Tornado conta com aproximadamente 400 inscritos.
“Era um sonho meu tirar crianças da rua. Passo a eles que é um esporte muito difícil, que exige dormir cedo, tem que ter disciplina”, ressalta Gesifran.
Genética
Colada à grade do evento, a jovem Luiza Lima, 13, incentivava a prima Daniely Pereira e o irmão Junior. Luiza venceu 12 das 14 etapas que participou e atualmente não tem mais idade para correr na Maratoninha, dedicada aos pequenos entre 6 e 12 anos. Mesmo assim, foi comemorar a vitória da prima. “Gosto de correr, me sinto bem nesse esporte”, argumenta. Lusilene, mãe de Luiza, se mostra contente com a boa genética da família e aptidão pela prática. “É tudo muito bom, funciona como um complemento do ensino”.
A inspiração de Luiza é a dupla mais rápida do mundo: o jamaicano Usain Bolt e a jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce. “Eles lutaram muito. O Bolt treinava 8h por dia no chão batido”, comenta.
Saiba mais
A Maratoninha tem caráter de inclusão social. Cerca de 90% dos participantes são atletas mirins inseridos em projetos sociais. Criada em 2002 pelo ex-atleta Jamil Elias Suaiden, o Circuito percorre o País e conta com crianças de 6 a 12 anos.
O padrinho da edição de Brasília foi Arnaldo de Oliveira, medalha de bronze na Olimpíada de Atlanta, em 1996, na prova dos 4×100 metros rasos. Arnaldo participou de quatro edições dos Jogos Olímpicos.