Cartas na mesa, fichas dos mais variados valores à disposição, um salão enorme com mais de dez mesas e até serviço de massagem para quem quiser usufruir. É assim o pôquer no mundo e, acredite, Brasília também entra neste cenário. Colocado nos rankings dos esportes que mais crescem no planeta, em comum, os jogadores têm o desejo de disputar o prestigiado Main Event da World Series of Poker (WSOP), a “Copa do Mundo do baralho”.
A tarefa de representar o DF em Las Vegas, em julho, fica a cargo do piauiense Paulo Bandeira, de 39 anos – mais conhecido como Paulinho Piall In. O prêmio resulta na bagatela de US$ 10 milhões.
Produtor de eventos em Brasília, Paulinho chegou ao esporte por acaso, como um lazer na casa de amigos. Após a conquista do quarto lugar no Brasileiro em Curitiba, em 2010, ele resolveu se dedicar à modalidade ao ponto de contratar um especialista no assunto. “Me animei com o resultado. Comecei a estudar o pôquer, ler livros e até arranjar aulas particulares”, lembra.
A carreira internacional começou na meca dos cassinos, em Las Vegas. Em passagem pela cidade, o atleta se impressionou e prometeu que voltaria. “A minha volta serviu para desenvolver a capacidade de adaptação em qualquer situação”, sentencia.
Preparação especial
Para aguentar as seguidas horas de disputa nos torneios de pôquer, Paulinho Piall In realiza treinos físicos três vezes por semana com o preparador físico Lula Guerreiro.
Ele explica que os segredos da chamada “Corezone” – terapia que envolve os músculos do corpo -, é fundamental para o conforto do atleta enquanto joga.
“O que a gente busca é deixá-lo (o jogador) com a maior tranquilidade possível e sem desviar a atenção para nada enquanto está na mesa. Na Corezone trabalhamos os músculos que dão equilíbrio ao corpo, como o abdômen e a lombar e o pescoço. Também trabalhamos a parte cardiovascular”, explica o profissional
Em um dos clubes de pôquer do DF, o sócio Celso Neto conta que uma partida pode durar mais do que três dias. “O atleta deve estar bem preparado porque tudo pode acontecer”, argumenta o jogador.
Com atletas do mundo inteiro reunidos em Las Vegas, Lula se precavê. “Tudo isso para que o Paulinho pense somente no jogo, sem sentir dores, por exemplo, nas costas”, esclarece o preparador físico.
Tem até cuidado financeiro
Em Brasília, a movimentação nos clubes de pôquer só não é maior por causa do preconceito do passado. “As pessoas associam o pôquer aos jogos de azar. Isso pode ter acontecido antes, mas hoje tudo é regulamentado e controlado”, diz Celso Neto, sócio de um dos clubes do DF.
Para que o descontrole financeiro não tome conta do participante, os sócios se revezam nos horários e observam cada jogador. Caso percebam se alguém está perdendo muito dinheiro, o mesmo é chamado para conversar.
“Sabemos o perfil dos frequentadores. Nunca tivemos problemas nem com violência e nem com descontrole financeiro. Aqui a gente faz um trabalho de psicólogo também”, comenta Henrique Almeida, outro sócio.