Ainda sem muita tradição nos Jogos Olímpicos de Inverno, a delegação brasileira começa a disputa na Rússia em busca respeito dos adversários. Não se pode mais comparar os brasileiros aos Taitianos, por exemplo, que disputaram a Copa das Confederações, mas a situação do país ainda não é das melhores.
Na edição dos Jogos de Sochi, que começa oficialmente hoje, o país leva 13 atletas em 7 modalidades, um recorde. Será também a maior delegação de uma nação latino-americana na disputa, com estreias no bobsled feminino, patinação artística, esqui aéreo e biatlo.
Para se ter ideia da qualidade técnica dos competidores, em algumas modalidades, apenas os 25 melhores atletas do mundo podem participar. A porta-bandeira do país, a biatleta Jaqueline Mourão é um dos destaques.
“É um sonho se tornando realidade. Quando comecei no esporte eu nunca poderia imaginar chegar a carregar a Bandeira Brasileira em uma cerimônia olímpica. É muito bom ter esse reconhecimento, além de representar a melhor delegação brasileira de Jogos de Inverno de todos os tempos”, disse Jaqueline.
Problemas
Apesar disso, ao longo de 22 anos de participações nos Jogos de Inverno – desde Albertville, em 1992 – algumas dificuldades ainda permanecem. Os desafios acompanham a delegação olímpica principalmente devido à formação do time brasileiro.
Uns têm a neve ou o gelo como rivais. Outros, a língua portuguesa como obstáculo. Dos 13 atletas, cinco conheceram as modalidades em que vão competir há cerca de um ano. Outros sete nasceram ou vivem atualmente fora do país. Das equipes de bobsled, apenas os pilotos Edson Bindilatti e Fabiana Santos já praticavam o esporte antes de 2013. Ele esteve nos Jogos de Inverno de 2002 e 2006. Ela começou a praticar a modalidade em 2003.
“Estrangeiros” competem pelo Brasil
Já três atletas do quarteto masculino (Edson Martins, Fábio Silva e Odirlei Pessoni) além de Sally Mayara, parceira de Fabiana, praticavam atletismo e entraram no time por meio de seletiva realizada pela CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo) no início de 2013.
Outra caloura é Josi Santos. Ex-ginasta, ela foi convidada pela CBDN (Confederação Brasileira de Desportos na Neve) para conhecer o esqui aéreo ao lado de Lais Souza, também da ginástica artística, em meados de 2013.
Em junho, elas passaram a treinar a nova modalidade, competiram já no fim do ano e conseguiram uma vaga na Olimpíada, que ficou com Josi devido ao grave acidente de Lais dez dias atrás.
Para descobrir e treinar estes novos atletas, as confederações de neve e gelo receberam, no ano passado, cerca de R$ 1,5 milhão cada uma da Lei Piva, em repasse do COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
“Gringos”
Além dos cinco calouros, o Brasil terá “estrangeiros” na delegação. Nascida fora do país, apenas Isadora Williams, da patinação artística.
Filha de uma mineira com um norte-americano, ela nasceu em Atlanta, nos EUA, visitou o Brasil poucas vezes e se esforça para falar português corretamente.
Os brasileiros do esqui alpino têm a mesma dificuldade. Maya Harrisson nasceu no Rio de Janeiro, mas foi para a Suíça com menos de um ano. Jhonatan Longhi é paulista de Americana e, aos três, mudou-se para a Itália.
Todos eles dificilmente conseguiriam entrar nas seleções dos países onde vivem.
E mesmo quem cresceu no Brasil –como Leandro Ribela, Isabel Clark e Jaqueline Mourão– hoje passa mais tempo no Chile, no Canadá ou onde a neve os levar.