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Banida, Laura diz que caso Rebeca comprova sua defesa

Arquivo Geral

13/11/2007 0h00

“Fico feliz porque está vindo a tona o que eu falei há 4 anos: eles podem manipular os exames do jeito que querem. Eu sei que antidoping no Brasil é uma bagunça. Mas não fico feliz pelo que a Rebeca está passando. Sei o que é isso”. Com estas palavras, a ex-nadadora Laura Azevedo resume o sentimento com que acompanha cada novo capítulo da polêmica com a campeã pan-americana Rebeca Gusmão.

Banida do esporte pela Federação Internacional de Natação (Fina) desde 2006, Laura foi pega no exame antidoping do Troféu Brasil de maio de 2003. Alegando inocência, ela recorreu à Justiça Comum após um exame de DNA indicar que a amostra utilizada no antidoping não era sua. Até hoje, seu caso segue inconcluso na 26ª Vara Cível (a última audiência foi em setembro), mas ela tem esperança que o novo caso pese a seu favor.

”Desde o começo dizia que o antidoping no Brasil era uma bagunça e o pessoal achava que eu falava isso para me defender”, acusa. “Fico feliz por tudo isso e espero que seja tomado em conta sim”.

Segundo Laura, os depoimentos dados pelos representantes da CBDA em seu caso sempre alegaram ser impossível ocorrer a troca de amostras no antidoping. “Mas isso comprova que eles estavam mentindo”.

Quase cinco anos depois do início do périplo, ela se confessa completamente desiludida com os bastidores da natação e não tem mais dúvidas que tudo que aconteceu foi proposital. “No começo, achei que não fosse, porque todo mundo tem o direito de errar. Mas erro atrás de erro não dá mais para pensar assim”.

Laura também critica a adoção de pesos diferente para tratar os dois casos. Mesmo tendo um exame que comprova não ser seu o DNA da amostra com doping, ainda não conseguiu limpar seu nome porque, segundo ela, sempre lhe disseram que a Fina não aceitava testes deste tipo como prova. “Agora, não entendi porque pegaram o DNA da Rebeca se não vale”.

A ex-nadadora questiona até a lógica das duas ocorrências. “O meu positivo deu em uma amostra que nem é minha. Quem faz a troca faz para ficar limpo. Eu seria a única a usar uma amostra com três esteróides para dar positivo!”.

”A gente teve certeza que houve a troca. Não quero fazer com Rebeca o que fizeram com a minha filha, mas isso só deu mais certeza que mexeram no exame da Laura”, diz a mãe da ex-atleta, dona Margareth.

Para ela, alguém se beneficiou da tragédia que envolveu sua filha. “Fizeram para limpar o nome de alguém porque a Laura era uma nadadora de potencial, mas financeiramente, internacionalmente, ela ainda não rendia e para eles não interessa potencial, só interessa dinheiro”.

Revoltada, Margareth acredita até na existência de uma ‘máfia’ orquestrando ocorrências como estas. “Foi intencional e se for máfia devem usar até as mesmas pessoas”, confessa, achando interessante comparar os DNAs detectados nas amostras de Laura e Rebeca. “Com tudo que aconteceu já penso até no laboratório”, desabafa.

Tanto mãe quanto filha são unânimes em criticar o ambiente competitivo profissional. “Hoje é uma maneira de entrar no mundo das drogas pela pressão para os resultados dos dirigentes”, desabafa Margareth. Laura concorda. “A natação hoje não é um ambiente sadio, os atletas acabam fazendo besteira pela cobrança de resultados”.

Para ela, a rapidez com que os recordes mundiais são renovados demonstra isso. “Não é humano toda hora melhorar os tempos, bater recorde em cima de recorde. Tem alguma coisa atrás disso”.

Prestes a se formar em nutrição e fisioterapia na Florida Internacional University, Laura diz que os incidentes envolvendo os bastidores do antidoping no Brasil tem pesado contra o país no exterior. “É comentado em todo lugar e as pessoas ficam falando de um jeito ruim. O meu caso repercutiu mal, com o da Rebeca foi pior ainda”.

Segundo ela, Michael Lohberg, seu treinador nos Estados Unidos, garantiu que não aceita mais atletas brasileiros na equipe. “Ele diz que não quer lidar com este tipo de coisa, com uma Confederação que faz isso com os atletas”. Sem nenhum desejo de voltar às competições, mesmo que consiga provar sua inocência na Justiça, Laura afirma ter uma única preocupação pessoal: “só quero limpar meu nome”. Para a natação, espera que tantos percalços produzam algum bom fruto. “Espero que dêem um jeito para melhorar porque, se realmente aconteceu o que dizem que aconteceu agora piorou demais em 4 anos”.

Já sua mãe não descarta a abertura de um novo processo, caso fique comprovada a troca de amostras nos exames, pleiteando indenização por perdas e danos morais e financeiros. “A única coisa que afeta quem não presta é mexer no bolso deles”.

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Caso Laura

Um exame antidoping realizado em Laura Azevedo durante o Troféu Brasil em maio de 2003 detectou a presença de estalozonol, substância proibida pelo código de doping. Suspensa por 2 anos pela Federação Internacional de Natação (Fina), ela acabou sendo banida após se recusar a fazer um novo antidoping durante a disputa do Campeonato Carioca de 2004.

A ex-nadadora alega que não fez o teste por não confiar no sistema antidoping nacional e porque o recipiente da coleta utilizaria apenas um lacre de mala comum. “Fui orientada pela minha advogada a não fazer o exame”.

Notificada pela CBDA, a Fina considerou a recusa como reincidência e excluiu atleta definitivamente do esporte. Neste meio tempo, Laura abriu um processo na Justiça Comum alegando que as amostras utilizadas na análise não eram suas.

Segundo ela, foram feitos dois exames de DNA para comprovar a origem. O primeiro, realizado no laboratório Sonda, recomendado pela CBDA, teria indicado que havia dois DNAs diferentes (um dela e outro de um parente pelo lado materno). O segundo exame, feito pelo laboratório Nudin, teria indicado que nenhum dos DNAs pertencia à atleta.

De acordo com a família da ex-atleta, houve irregularidades na coleta do material de Laura. Ela teria deixado a amostra durante alguns momentos no banheiro e haveria mais de um atleta no local durante a coleta.


Caso Rebeca

Primeira brasileira a conquistar medalha de ouro em Jogos Pan-americanos, Rebeca Gusmão foi suspensa preventivamente pela Federação Internacional de Natação (Fina) no último dia 2. Segundo a entidade, um exame realizado na atleta dia 13 de julho detectou a presença de níveis anormais de testosterona caracterizando doping.

Rebeca já estava sendo investigada pela Corte Arbitral de Esporte (CAS) por suspeita de doping desde 2006. Seu caso ficou ainda mais complicado no último dia 8, depois que um exame feito a pedido do presidente da Comissão Médica da Organização Desportiva Pan-americana (Odepa), Eduardo De Rose, indicou que as amostras tinham DNAs diferentes.

Com a possibilidade de fraude, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador do Pan (CO-Rio), Carlos Arthur Nuzman, encaminhou ao Ministério Público, nesta segunda-feira, pedido para abertura de inquérito policial para investigar irregularidades no caso.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 
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