O quão longe você iria atrás de um sonho? Se você for brasileiro e a sua referência for Brasília, a distância, no caso de alguns jogadores de vôlei, ultrapassa 10 mil quilômetros. Após rodar por alguns clubes do País e ver as chances de atuar na Superliga diminuírem, atletas do Brasil resolveram buscar no Catar um lugar ao sol.
É o caso do ponteiro brasiliense Luiz Perotto, atualmente no Al Wakrah. Ele jogou por conhecidos clubes do vôlei brasileiro, como o Campinas e o Sesi, onde chegou a atuar com jogadores de seleção brasileira. Agora, aos 22 anos, ele está na terceira temporada na Ásia e afirma que toda a negociação ocorreu por meio do empresário dele.
A proposta foi aceita, mas com um pé atrás. Não só Perotto, como todos os brasileiros que foram para o país, se valeram de uma regra para garantir que estariam em quadra: cada time pode ter um atleta estrangeiro. Há ainda o espaço para um não-nascido no Catar, desde que tenha menos de 21 anos.
“No começo eu não queria muito vir para cá. Era um país diferente, uma cultura completamente diferente. O dinheiro fez com que eu arriscasse a vinda para o Catar”, relembra Perotto.
O salário também seduziu o levantador paranaense Alan Zanatta, do Qatar Sports Club. Nascido em Marechal Cândido Rondon e com passagens por alguns times brasileiros, ele precisou receber três ofertas para assinar contrato com um clube do país.
“Nas duas primeiras acabei recusando. Mas a condição de vida melhor, a oportunidade de estar sempre jogando e o salário fizeram com que eu aceitasse”, explica.
Perotto e Zanatta são exemplos de brasileiros que foram tentar a sorte no Catar, mas não são os únicos. Cerca de 20 atletas do país seguiram rumos semelhantes e acabaram formando uma espécie de colônia de brasileiros no país.
Não é difícil ver nas redes sociais, fotos dos jogadores do Brasil juntos, em momentos de confraternização. A convivência entre eles não mata completamente a falta que sentem do país, mas ameniza.
Primeiro ano marcado por dificuldades
Com costumes completamente diferentes, o Catar foi, até certo ponto, assustador para Perotto.
“No começo, foi difícil em todos os sentidos. Eu não falava Inglês, a comida era diferente, as pessoas eram diferentes e até os treinos eram diferentes. Quase não aguentei no primeiro ano, passei só cinco meses porque quando cheguei, a liga já havia começado”, recorda.
Na opinião de Zanatta, o mais complicado foi o primeiro ano. Atualmente na segunda temporada em Doha, ele se sente mais à vontade no país. “Era complicado porque os costumes são muito diferentes. Tinha toda uma forma de lidar com os árabes. Agora está bem melhor.”
Saiba mais
Os costumes dos muçulmanos renderam uma história curiosa para Perotto. A tradição de fazerem cinco orações diariamente, em horários definidos, fez com que um aquecimento para uma partida durasse mais que o esperado.
Passando oito meses no Catar e apenas quatro no Brasil, é comum que a saudade da família seja sentida em algum momento. Agora, pelo menos, a tecnologia trabalha como uma aliada dos atletas que estão a mais de 10 mil quilômetros de distância.