A recepção dos fãs e da imprensa em seu retorno ao Brasil assustou o surfista Gabriel Medina, primeiro atleta nacional a conquistar o título mundial da modalidade. O paulista, que chegou ao País na tarde desta terça-feira e foi recebido com um pequeno tumulto no aeroporto de Guarulhos, teme que a fama acabe lhe tirando a privacidade.
Medina concedeu uma disputada coletiva de imprensa poucas horas depois de desembarcar no Brasil como campeão mundial de surfe. O atleta ainda participaria de uma carreata em São Sebastião, onde mora, na manhã de quarta-feira, mas resolveu cancelar o evento em solidariedade às famílias da cidade desabrigadas pelas fortes chuvas dos últimos dias.
“Tinha muita gente quando cheguei hoje. Foi muito legal a recepção, não esperava essa galera lá. Foi uma surpresa muito boa. Nunca imaginei que chegaria a esse ponto, mas é legal receber esse carinho e voltar ao Brasil. Não tem coisa melhor do que ser recebido deste jeito”, disse o surfista, que completou 21 anos de idade na segunda-feira.
Criado em Maresias, no município de São Sebastião, Medina tem o costume de treinar nas variadas ondas da praia em frente a sua casa e também nas tubulares da vizinha Paúba. Ainda sem saber como será o comportamento de seus antigos e novos fãs daqui para frente, o surfista teme que o sucesso acabe mudando sua rotina.
Medina se tornou o primeiro brasileiro campeão mundial de surfe na última sexta-feira, em Pipeline, no Havaí. Na última etapa do calendário do WCT, foi beneficiado pela eliminação precoce de Mick Fanning, então seu rival pelo título. Já como campeão da temporada e sem pressão, chegou à decisão do campeonato, em que foi derrotado pelo australiano Julian Wilson.
“Dá uma assustada porque só para chegar no carro hoje [no aeroporto] foi uma batalha, tinha muita gente. Penso às vezes e tenho medo de perder a privacidade que tinha antes, mas seja o que Deus quiser. Vou tentar ser eu mesmo e espero que todo mundo colabore também”, afirmou o novo ídolo do Brasil.
Uma amostra da comoção causada por seu desempenho esportivo, segundo o próprio Medina, pôde ser visto na última semana, na praia de Pipeline. Lá, diz ter recebido apoio de pessoas de diversos lugares do Brasil que nem bem entendiam as regras do surfe.
Nas baterias da última sexta-feira no Havaí, quando se sagrou campeão mundial, Medina contou com largo apoio de torcedores nacionais, que acompanhavam as disputas da areia. Quando saiu do mar pela primeira vez como campeão mundial, foi carregado no ombro pelos compatriotas.
“Ainda não andei na rua aqui, nos próximos dias vou sentir isso. Conheci vários brasileiros no Havaí e muitos não entediam de surfe, tinha gente do Mato Grosso do Sul, Brasília, Tocantins. Eles só falavam ‘Medina’, ‘vai Medina’, isso era a torcida deles. E é muito legal alcançar esse tipo de gente que nunca teve contato com surfe, nem praia”, concluiu.
SURFISTA APROVA AS “MEDINETES”
Mesmo que tema perder a privacidade por causa da fama, o surfista Gabriel Medina se mostra confortável com o assédio feminino. Já acostumado a receber declarações e presentes, ele aprova a existência das “medinetes”, como passou a chamar suas fãs.
A denominação de suas torcedoras é derivada das “neymarzetes”, fãs do craque do Barcelona Neymar, e das “kakazetes”, as fanáticas pelo jogador Kaká, que jogou pelo São Paulo no segundo semestre e agora defenderá o Orlando City.
“O Brasil tem seus fãs bem apaixonados em vários. Tem esse lance do Neymar, do Kaká. No final são muitas ‘etes’. As minhas são ‘medinetes´, né? É maneiro o carinho. Várias meninas mandam textões gigantes, presentes e minha mãe fica amiga delas todas”, disse o surfista paulista.