País sede de vários eventos mundiais esportivos, o Brasil tem passado no teste e provado que consegue realizar cerimônias de grande porte. Foi assim na Copa das Confederações (2013), do Mundo (2014) e tem como próximo desafio sediar os Jogos Olímpicos (2016). A pátria, no entanto, tem deixado a desejar no quesito criatividade na elaboração de nomes para os mascotes.
Oba e Eba, Tiba Tuque e Esquindim, Vinicius e Tom são as opções para os brasileiros escolherem para definir os nomes dos dois personagens – o olímpico e o paralímpico – para os Jogos do Rio. As figurinhas trazem à memória características comuns dos mascotes em geral. São coloridos, bonitos e carismáticos, porém a sugestão dos nomes não agrada ao público, que já tira sarro da situação.
“Parece que não são os brasileiros que colocam essas opções. São nomes muito estranhos”, critica o analista Thiciano Fagundes.
Difícil agradar
Esta, na verdade, não é a primeira vez que isto ocorre. Um exemplo fresco na memória dos brasileiros é o nome do tatu-bola símbolo da Copa do Mundo, o Fuleco. Segundo a Fifa, representava a união entre “futebol” e “ecologia”. Amijubi e Zuzeco eram os concorrentes, que foram ainda menos aprovados do que o escolhido.
Na época da escolha, várias piadas foram feitas com o nome do tatu-bola, uma delas até “batizando” o bumbum humano. Fuleco também era usado pelos portugueses ao convidar as escravas e as cortesãs para diversões nas alcovas. O apelido esteve na moda até os anos 1940, quando, por força da lei e da censura, perdeu seu uso.
A mesma rejeição aconteceu na escolha do apelido da bola que seria usada nos jogos oficiais da Copa, a Brazuca. A substituta da Jabulani – nome da protagonista da Copa da África, em 2010 – também poderia se chamar Bossa Nova ou Carnavalesca.
Uma das críticas era em torno de os estrangeiros não conseguirem pronunciar “brazuca” da maneira correta e terem dificuldades com o “R” do português brasileiro.
Parangolé
Outro mascote que gerou estranheza foi o personagem que representou o Mundial de Futsal no Brasil, em 2008. O símbolo era de uma arara canindé com o nome de Parangolé.
De acordo com o dicionário Houaiss, a palavra significa conversa que não leva a nada, comportamento desonesto para ludibriar alguém, malandragem, astúcia e esperteza. A repercussão negativa foi imediata.
Na época, a comissão julgadora dos nomes explicou que se tratava de uma tradição africana, que expressa alegria inesperada e poderia ser usada, também, em referência a um drible em campo.
Inspiração na fauna e na flora brasileira
O mascote da Olimpíada representa a fauna brasileira na figura de um animal felino e o outro, da Paralimpíada, é o resumo da flora do País e se assemelha a uma árvore cheia de folhas e cores.
De acordo com a explicação dos organizadores, o mascote olímpico traz consigo a agilidade felina, a ginga dos macacos e a leveza das aves. A versão paralímpica usa a criatividade para resolver problemas e é capaz de tirar surpresas de sua cabeleira cheia de folhas para acertar as coisas. Os dois praticam esportes, são festeiros e gostam da música brasileira.
A escolha dos dois personagens começou em setembro de 2012 e passou por várias etapas até chegar ao resultado divulgado ontem. As propostas dos finalistas foram pensadas por crianças do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Os nomes foram inspirados em: Oba e Eba são palavras ditas quando há felicidade e motivos para vibrar; Tiba Tuque e Esquindim são para lembrar a origem da ginga do brasileiro; Vinicius e Tom vieram para trazer à tona a importância de Vinicius de Moraes e Tom Jobim para a cultura brasileira.
Como votar
O voto pode ser dado por meio do site: www.rio2016.com/mascotes. Além disso, é possível votar através do perfil do Rio 2016, no Twitter (@Rio2016). Mesmo sem nome definido, os dois mascotes têm perfis individuais nas redes sociais.
Memória
O Fuleco sumiu
O tatu-bola foi anunciado em 2012 como o mascote do Mundial de futebol no Brasil. Ele ganhou notoriedade, apareceu em muitos lugares, mas não deu o ar da graça na cerimônia de abertura da Copa do Mundo e sumiu temporariamente dos jogos. A justificativa se deu ao fato de a Fifa ter sugerido uma “proposta indecorosa” para ajudar na preservação do animal. A entidade ofereceu apenas US$ 300 mil.
Internautas apelidam os personagens
Sem muita aprovação das opções dos prováveis nomes dos mascotes das Olimpíadas e Paralimpíadas, os internautas criativos resolveram aparecer.
O Twitter foi a principal ferramenta usada por eles, que deram nomes nada carinhosos aos personagens coloridos.
“Vergonha e Alheia”; “Visualizado e Não Respondido”; “Décimo e Terceiro” foram alguns deles. Além disso, até personalidades da televisão brasileira, da música internacional e nacional entraram na brincadeira.
“Alcione e Axl Rose”; “Ana Maria Braga e Louro José” e “André Marques e Bruno de Lucca”; “Roberto e Erasmo” foram citados. Até mesmo a dupla “7 x 1” e “Sete-a-Um e Apagão Defensivo” apareceu nas brincadeiras.
“Para movimentar a economia brasileira, os mascotes de 2016 se chamarão Crédito e Débito”, disse o internauta Leandro Maciel.
Versão mascote
O zagueiro da seleção brasileira de futebol, David Luiz, foi alvo das chacotas. Por ter um cabelo armado e cheio de cachos, o atleta foi tido como a referência do mascote das Paralimpíadas, que tem a forma de uma árvore. Além dele, o ex-jogador colombiano Valderrama e o jogador de basquete Anderson Varejão também foram comparados.