A dona Geralda de Araújo leva, aos 77 anos, ao extremo o lema eternizado pelo capitão do Bope, Roberto Nascimento, no filme Tropa de Elite que “missão dada é missão cumprida”. Justamente no dia do aniversário, ela percorreu com sucesso os cerca de 5 km que separam as pontes JK e Costa e Silva.
O percurso, iniciado às 9h20 da manhã de sábado, demorou pouco menos de três horas para chegar ao fim. Entre as dificuldades enfrentadas, a chuva, que caiu na capital e fez com que a temperatura da água caísse drasticamente. E nada de pensar em desistir.
“Estou dura de frio, mas essa é uma alegria muito grande para mim. Gosto mais de nadar de costas, mas, com a chuva caindo no rosto, ficou difícil demais fazer isso. O jeito foi nadar estilo livre e também peito”, explica.
A filha de dona Geralda, Sônia, pegou gosto pela natação por conta da mãe e esteve lado a lado com a “vovó aventureira” na travessia das pontes. Ao final dos cinco quilômetros, ela parecia estar aliviada.
“Gente, parecia que não ia acabar mais. Quanto mais perto a gente chegava, parecia que ia ficando mais longe”, declarou.
Apesar de usar maiô para realizar a travessia, dona Geralda precisou lidar com a baixa temperatura da água. Em determinado momento, pouco antes da metade da aventura, ela sentiu uma dormência nas pernas que dificultou os movimentos no Lago Paranoá.
Ajuda necessária
Ela conta que os bombeiros que a “escoltaram” durante a travessia foram fundamentais para que ela conseguisse chegar ao final do desafio.
“Parecia que elas (as pernas) não queriam mais mexer. Eles ficaram o tempo todo conversando comigo. Me falaram para continuar movimentando as pernas de alguma forma para que elas não ficassem duras”, relembra.
Foi montada uma pequena operação do Corpo de Bombeiros para que dona Geralda pudesse completar a prova em segurança. Ao todo, uma pequena lancha e uma moto aquática, fizeram a escolta da nadadora.
Espírito esportivo e rotina dura
A aventura corre nas veias de dona Geralda de Araújo. Engana-se quem pensa que a natação em águas abertas seja o único divertimento da atleta de 77 anos.
Os treinos quase que diários na piscina do Defer começam bem antes das 11h da manhã, quando, de fato, ela cai na piscina para a natação: ela chega mais cedo e usa o tanque de saltos ornamentais para pular dos trampolins e plataformas do espaço.
Até mesmo com animais dona Geralda já se arriscou. Bois e cavalos são apenas alguns exemplos dos bichos domados por ela.
“Eu já brinquei muito com cavalo. Cheguei até a participar de algumas corridas. Outra coisa que eu também fiz muito foi montar em boi bravo”, conta, em meio a risos com os feitos conquistados em 77 anos de vida.
Nas alturas
Outros esportes, estes até mais radicais do que os saltos ornamentais, também constam no currículo de dona Geralda. Recentemente, ela participou de um rapel no Salto do Itiquira e seus mais de 160m de altura.
Ela também já participou de uma descida de rapel nas dependências do quartel do Corpo de Bombeiros, no Setor Policial Sul. Na ocasião, ela desceu as duas torres de treinamento do local. Na primeira descida, 22m de altura. A segunda, ainda maior, possui 44m de altura.
Saltos de paraquedas também já foram alvo da intrépida dona Geralda, cujo dicionário não consta o verbete “medo”. Ela até brinca, dizendo que poderia saltar até de alturas maiores do que a que já saltou, pois, assim, aproveitaria mais ainda o “passeio”.
Dona Geralda se diz uma viciada em aventuras. Por isso, também já curtiu a bela paisagem do Rio de Janeiro a bordo de um ultraleve. O voo, inclusive, rendeu belas fotografias, guardadas até hoje com carinho na casa da atleta, em São Sebastião.
