Menu
Mais Esportes

Após cogitar aposentadoria, patinadora olímpica do Brasil estreia em ‘casa’

Arquivo Geral

28/11/2014 14h01

A patinadora Isadora Williams representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi-2014 em fevereiro, mas só neste fim de semana se apresentará pela primeira vez no País. Com 18 anos de idade, a atleta, nascida nos Estados Unidos e filha de mãe brasileira e pai americano, participa do show Estrelas da Patinação, em São Paulo.

Isadora foi a primeira atleta a representar o Brasil na patinação artística na história dos Jogos Olímpicos de Inverno. Ficou com a 30ª e última colocação do evento em Sochi, mas apenas disputar entre as melhores do mundo foi considerada uma vitória pela atleta.

A campanha olímpica, no entanto, foi tão desgastante para a patinadora que ela pensou em desistir do esporte. Ficou sem treinar de fevereiro a junho, quando decidiu retomar a carreira, e na última semana participou de sua primeira competição desde os Jogos Olímpicos, como contou nesta entrevista à Gazeta Esportiva. Apresentou-se ao som de música brasileira.

Nesta semana, Isadora, que queria falar em português, mas achou melhor responder em inglês os questionamentos da reportagem, integra o elenco do show Estrelas da Patinação, no Ginásio do Ibirapuera entre sexta-feira e domingo. A seu lado estarão ex-atletas de sucesso, como o norte-americano Brian Boitano, medalhista de ouro nos Jogos de Calgary-1988 e duas vezes campeão mundial, e a russa Ekaterina Gordeeva, bicampeã olímpica e tetra mundial.

O espetáculo que terá como temática os musicais da Broadway ocorre às 21h (de Brasília) na sexta-feira e no sábado. No domingo, às 19h30. As canções serão interpretadas pela orquestra Allegro e o cantor e ator Franc D’Ambrosio, que participou do Poderoso Chefão 3 e se consagrou no espetáculo O Fantasma da Ópera.

Gazeta Esportiva: Este fim de semana você se apresenta pela primeira vez no Brasil, o país que representou nas Olimpíadas de Inverno de Sochi-2014. É diferente do que participar de competições em outros lugares? 

Isadora: É bem diferente, é muito animador poder patinar aqui porque não há normalmente competições no Brasil, então poder mostrar aos brasileiros o que é a patinação no gelo e como ela é bonita é muito legal.

Gazeta Esportiva: Esta é uma apresentação artística, não uma competição como você está acostumada. Quais as diferenças? 

Isadora: É muito mais divertido, há muito menos nervosismo. Você pode se expressar e se divertir, ser mais musical e não se preocupar com o placar ou com os outros competidores. Você ainda precisa fazer elementos difíceis como saltos e giros, mas não está aqui para competir, não há juízes.

Gazeta Esportiva: Você tem alguns fãs brasileiros, que passaram a acompanhar sua carreira nos Jogos Olímpicos de Sochi-2014. Como é sua relação com eles? 

Isadora: Eu me sinto muito honrada. Nem sinto que eles são fãs, é como se fossem meus amigos. São tão meigos, sempre falam comigo ou mandam mensagens na internet, demonstram o quanto me apoiam e torcem por mim. É incrível ter isso.

Gazeta Esportiva: Esta semana em que você está no Brasil espera ter um contato mais próximo com eles? 

Isadora: Sim, já até encontrei alguns para jantar aqui em São Paulo e é incrível ver como eles estão interessados no esporte e o quanto amam a patinação. Fomos a um bom restaurante de comida brasileira e ficamos falando sobre patinação artística por quase duas horas.

Gazeta Esportiva: Você adotou músicas nacionais como tema de seu novo programa. É um sinal de que você está se sentindo mais brasileira? 

Isadora: Sim. Estou usando uma combinação de quatro músicas. Mas Que Nada [de Jorge Ben Jor], Águas de Março [de Tom Jobim], Bachiana Brasileira 5 [de Heitor Villa-Lobos] e Brasileirinho [ de Waldir Azevedo]. É ótimo porque é tão fácil fazer a coreografia com essas faixas porque é apenas dançar música brasileira, então estou muito feliz com isso.

Gazeta Esportiva: Você continua estudando português? 

Isadora: Sim, ainda entendo muito mais do que eu falo. Mas estou tentando. Os verbos são a pior parte. É complicado porque moro em um país em que ninguém fala português, nem meu pai fala. É só inglês, mas estou me dedicando muito. Já avancei bem em comparação a dois anos atrás.

Gazeta Esportiva: Você acompanha o Brasil em competições de outros esportes ou torce pra algum clube? 

Isadora: Minha mãe torce para o Gai… é um time de futebol… não sei, o que é um galo [usa a palavra em inglês rooster

Gazeta Esportiva: Atlético-MG, o Galo. Ganhou a Copa do Brasil essa semana. 

Isadora: Isso! O Galo! Eu não torço, mas minha mãe estava vendo o jogo e vi também. Mas sempre que o Brasil está na TV em um torneio de futebol eu acompanho, coloco minha camisa da Seleção.

Gazeta Esportiva: Você acompanhou a Copa do Mundo de 2014 torcendo pelo Brasil? 

Isadora: Sim, o final foi muito triste. Mas foi divertido, juntamos todos os brasileiros para assistir aos jogos e estava sempre torcendo pela Seleção nunca pelos Estados Unidos.

Gazeta Esportiva: O quão popular foi a Copa do Mundo lá nos Estados Unidos? 

Isadora: Muitas pessoas estão agora acompanhando o futebol, muitos amigos meus jogam e como eles sabem que é grande aqui no Brasil sempre perguntam se por ser brasileira eu sei jogar. Mas não, não sei. Um dos patinadores do show aqui se apresenta no papel de um jogador de futebol, é bem divertido.

Gazeta Esportiva:Você competiu no começo do mês na Letônia, foi a estreia de seus novos programas. Foi também sua primeira competição desde as Olimpíadas de Sochi. Por que ficou tanto tempo sem competir? 

Isadora: Na verdade, eu ia abandonar a patinação. Estava muito cansada, esgotada, não queria mais patinar. Só que eu vi que ainda amava o esporte e queria voltar, mas precisava de algumas mudanças. Então troquei meus técnicos e algumas outras coisas, e agora amo patinar novamente. Foi por isso que fiquei tanto tempo longe.

Gazeta Esportiva: Esta opção de continuar na patinação é para competir ou fazer apresentações como a desta semana em São Paulo? 

Isadora: Ainda vou competir, mas também fazer shows se alguém me convidar. Mas talvez em um ou dois anos eu passe às apresentações definitivamente.

Gazeta Esportiva: Neste fim de semana você se apresenta ao lado de muitos ex-atletas de bastante sucesso. Como é a relação com eles o que você pode aprender nessa convivência? 

Isadora: É uma grande honra poder patinar com eles. Aprendo só de vê-los. Presto atenção de como eles usam o joelho, como patinam, deslizam. Só isso já bastaria, mas todos são pessoas muito legais. É uma grande experiência me apresentar com pessoas a que eu assistia quando era pequena.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado