Roberto Wagner
roberto.wagner@jornaldebrasilia.com.br
Aos 19 anos, Gustavo Antunes Lima será o piloto mais jovem a alinhar o carro no grid da Stock Car 2016. Em conversa avançada com uma equipe de ponta da categoria, ele deve ser confirmado na semana que vem e, pela primeira vez, ocupar um cockpit a temporada inteira.
Em 2015, Guga Lima chamou atenção de equipes da Stock ao pilotar em seis etapas. Ainda com 18 anos, ele recebeu elogio de outros pilotos e decidiu abandonar de vez os carros de fórmula e migrar para os de turismo. “Foi um momento de aprendizado e muito importante. Agora, começando a temporada desde o início e já adaptado, a tendência é melhorar bastante”, planeja o curitibano, que se mudou para Brasília com um mês de idade.
Novato na categoria, Guga Lima tenta aproveitar ao máximo a experiência de alguns veteranos do automobilismo. “Todos os pilotos me acolheram super bem. O Julio Campos foi meu coach, me colocou em contato com os mais experientes e todos me deram dicas. Numa prova, o Ricardinho (Maurício) me chamou no canto e disse: ‘Andei atrás de você um pouco e aquela curva que você não estava acertando, faz assim’”, recorda Guga Lima.
Na temporada 2016, que começa em 6 de março, essa cordialidade pode diminuir um pouco. Isso porque ele já é conhecido entre os pilotos e está a detalhes do acerto com uma equipe de ponta – algo que irá aumentar a competitividade.
Treino no PC
Enquanto a temporada não começa, Guga Lima aprimora os conhecimentos das pistas com o simulador. Munido de volante, pedais e o banco do carro, ele usa o jogo de computador da Stock Car para aperfeiçoar as técnicas.
“No jogo tem todas as pistas e é bem próximo da realidade. Dá para fazer o acerto do carro e tudo”, conta o piloto. “Mas também treino bastante no kart. Piloto não aguenta ficar parado”, emenda.
A falta de condições do Autódromo Nelson Piquet – está com obras paradas desde fevereiro do ano passado – fez com que Guga Lima tivesse de viajar para o Sul em 2015. Este ano, a Stock Car prevê um retorno a Brasília em outubro.
Rubinho: de ídolo a quase vilão
Apesar da pouca experiência na Stock Car – ele chegou à categoria a partir da quinta etapa no ano passado –, Guga Lima já coleciona algumas boas histórias com os pilotos mais experientes. Uma delas, na realidade, é uma constatação.
Vinte e quatro anos mais novo do que Rubens Barrichello, Guga Lima provou na pista que a fama de lento do ex-piloto da Fórmula 1 não condiz com a realidade.
“Rapaz, essa brincadeira aí é só para agitar a Internet, porque o cara guia muito”, conta o brasiliense, que tem o piloto do carro 111 como referência. “O Rubinho, para mim, é um espelho. É um cara super família, carismático… E eu sou muito família. Gosto do jeito dele fora e dentro das pistas”, explica.
No ano passado, ele esteve bem próximo do ídolo. Mais precisamente, colado em Rubinho. Guga Lima conta que na última prova do ano, em Interlagos, os dois chegaram a bater na primeira curva. “Foi uma experiência sensacional. Eu tinha o Cacá Bueno ao meu lado, o Ricardo Maurício do outro e o Rubinho atrás. Quando eu ia fazer a primeira curva o Rubinho bateu na minha traseira e eu quase rodei, lembra. “Mas é tranquilo, porque uma das diferenças do fórmula para o turismo é isso. A categoria permite toques, tem mais contato”.
Adaptação
Guga Lima começou a pilotar profissionalmente em 2012, quando competiu na Formula Renault Alps. Com 15 anos, foi o brasileiro mais novo a correr em uma categoria de formula na Europa. Mais experiente, ele disputou em 2013 a nova Formula 4 Inglesa, onde mostrou um bom trabalho e fechou a temporada com um pódio em Donington Park. Ele ainda participou do F3 Brazil Open e de uma etapa da F3 Sul-Americana, onde conquistou uma vitória, correndo em casa, em Brasília. Em 2014, o piloto brasileiro seguiu na F4 Inglesa e no ano passado migrou para a Stock Car.
