Haland Guilarde
Especial para o Jornal de Brasília
Ele tem 65 anos, mas conta com um vigor físico de causar inveja a muitos jovens. Filho de bolivianos, nascido em Corumbá-MS, mas radicado no Distrito Federal desde 1963, Ângelo Cartojane Ramires, vai correr os 105 km da Ultra Maratona, entre as cidades de Morretes e Guaraqueçaba, no litoral paranaense. A prova será realizada no dia 9 de agosto, com largada prevista para as 5h30. O percurso tem 27,5 km de asfalto, com o restante do caminho de terra.
Ano passado, Ângelo participou da corrida na categoria 65 a 69 anos. Mas, embora tivesse feito a inscrição para a distância de 105 km, uma falha no sistema dos computadores da organização do evento lhe tirou o direito de participar do maior percurso. Assim, ele foi realocado na prova de 52 km. Acabou dando certo. O atleta “brasiliense” alcançou a segunda colocação ao término das diversas dificuldades encontradas no caminho.
De acordo com Cartojane, a corrida não é fácil para um jovem, quanto mais para um idoso. “Tem três subidas em estradas de terra, que é onde encontramos as maiores dificuldades. Mas eu treino 20 km por dia, de segunda a sábado, para aguentar o batente”, conta, acrescentando que o trajeto diário nos treinamentos é feito do Riacho Fundo I, onde reside, até o posto policial da BR 060 – saída para Goiânia.
A família, aliás, não concorda muito com a prática do genitor. “Todos têm medo de acontecer algo comigo durante as corridas, mas eu não. Medo para quê? Meu coração é bom, tenho muito amor dentro dele e aguento muitas provas ainda”, respondeu, em tom de brincadeira.
Casado e pai de quatro filhos – todos já casados – Ângelo é um apaixonado por corridas e conta sempre com a ajuda dos amigos e comerciantes da cidade onde mora para bancar as viagens, hospedagens e alimentação. Lutando pela aposentadoria, o corredor se sustenta com o trabalho informal e com o apoio da mulher, costureira.
Saiba mais
Acostumado com provas de longa distância, inclusive um participante assíduo na São Silvestre, Maratona de São Paulo, além de todas tradicionais em todo o país, Ângelo promete brigar pelas primeiras posições na 2ª edição da prova.
“Ano passado ninguém imaginava que eu chegaria e eu cheguei. Então, posso ir bem outra vez. Além de conhecer boa parte do percurso, tenho me preparado muito mais”, projeta o confiante Ângelo.
Para auxiliar e orientar na corrida de longa distância, Ângelo tem contado com um treinador amigo, que mora em São Paulo. De acordo com ele, o parceiro envia o cronograma de alimentação e treinamentos e ele segue rigorosamente.
